Diário do Bolso

Estou nas nuvens, Diário. Meu encontro com Donald foi inesquecível

Deu até vontade de ficar mais um pouco naquele país tão bonito. E nem ia ter problema no Brasil, porque o Carluxo ficou despachando no meu lugar. Só tenho uma dúvida: será que Donald vai me escrever?

© Rafael Terpins

Caro Diário, me sinto nas nuvens. Porque estamos no avião, voltando para o Brasil, e porque meu encontro com Donald foi inesquecível.

Mas antes vou contar como foi a segunda-feira. Eu e o Moro estivemos na CIA. O Moro cumprimentou todo mundo. Sabia até o nome do porteiro. A gente mal entrou e o celular dele já pegou o wi-fi do lugar.

Eu tive uma reunião com a Gina Haspel, que agora é a diretora da CIA. Mas antes ela era responsável pelas prisões secretas, onde os interrogadores usavam técnicas de tortura. Tipo afogamento, injeção retal, essas coisas. Ah, que mulher! O Ustra ia ficar gamadão.

Agora, sim, vou contar como foi meu encontro com Donald.

Confesso que quando vi aquela cara laranja e a gravata vermelha, levei um baque. Até perguntei pro Dudu: Será que ele pintou o rosto por causa do Queiroz, que nem o pessoal no carnaval? E essa gravata? É do PT?

Minha sorte é que o Dudu é um cara culto, que até leu livro do Olavo de Carvalho. Ele me explicou que vermelho é a cor do partido republicano. E que o Trump é daquele tom mesmo.

Ah, não posso deixar de falar do cabelo. É lindo! Como se fosse uma nuvem dourada sobre a cabeça dele.

Pra quebrar o gelo, falei logo de cara: “O que é bom para os EUA é bom para o Brasil.”

Ele respondeu que para eles seria bom ter uma base em Alcântara.

– Leva! É de vocês. E o melhor é que lá no Maranhão o governador é do Partido Comunista. Se você errar e o foguete cair bem na sede do governo, vai ser ótimo, kkkkkkk!

Eu pensei que ele ia rir, mas ele respondeu “Ok” com uma cara bem séria e apertou minha mão.

Depois ofereci visto livre unilateral para todos os americanos: “Olha, não precisa nem de carimbo, pelo amor de Deus. Loiro que fala inglês entra direto. Pra vocês é que nem bordel ou casa de vó: a porta vai estar sempre aberta.”

Então ele me olhou bem dentro dos olhos (eu até parei de respirar) e perguntou:

– E a Venezuela?

Respondi: – Os meus militares dizem que é melhor ir na base da diplomacia. Mas se você quiser, eu vou lá e ataco. Você sabe atirar? Podemos ir nós dois. Topa?

Ele ficou tão contente que me deu uma camisa da seleção americana de soccer. E eu dei uma camisa da seleção brasileira. Talvez eu tenha saído perdendo nessa troca. Sei lá.

Quando a gente se despediu, falei para ele: “EUA acima de tudo. Donald acima de todos”. Ele me respondeu com uma piscadinha.

Ah…, Diário, deu até vontade de ficar mais um pouco. E nem ia ter problema no Brasil, porque o Carluxo ficou lá, despachando no meu lugar. O Brasil é que nem uma quitanda: o pai sai, mas deixa o filho no balcão. Kkkkk!

Enfim, foi um encontro inesquecível. Só tenho uma dúvida: Será que ele vai me escrever?

PS: A ilustração de hoje é de Rafael Terpins

PPS: Diário, o projeto do seu livro começou muito bem. Se o Flávio mandasse só um daqueles envelopinhos já fechava o orçamento.