‘Colegas’ cativa com dupla homenagem à amizade e ao cinema

Cena do filme ‘Colegas’: ode à amizade, sem preconceitos (Europa Filmes) O diretor Marcelo Galvão encerra seu mais recente longa-metragem com uma frase em que garante valer a pena apostar […]

Cena do filme ‘Colegas’: ode à amizade, sem preconceitos (Europa Filmes)

O diretor Marcelo Galvão encerra seu mais recente longa-metragem com uma frase em que garante valer a pena apostar e acreditar nos sonhos, por mais deficiências e dificuldades que se tenha no caminho. Essa é também a ideia que une três amigos, todos nascidos com Síndrome de Down – Stallone (Ariel Goldenberg), Aninha (Rita Pook) e Márcio (Breno Viola) – que partem para uma aventura  após verem o filme Thelma & Louise, de Ridley Scott (de 1991). Assim é Colegas, o filme vencedor do Festival de Gramado e da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que entrou em cartaz na última sexta-feira (1).

Colegas tem a estrutura de um filme infanto-juvenil clássico, com direito até a presença de um narrador carismático, o tal jardineiro (Lima Duarte), cuja função é transportar o espectador para um possível mundo de aventura e fantasias. Há também dois policiais, que tentam se mostrar fortes e rudes, mas, no final das contas, não passam de sujeitos extremamente atrapalhados, vaidosos e carentes.

E, claro, os três garotos encontram muitos desafios e conquistas pelo caminho até se aproximarem dos sonhos. Stallone quer ver o mar – tema tão caro ao cinema nacional, basta lembrar o clássico Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha –; Aninha quer se casar, de preferência com um músico – e numa das cenas mais divertidas do filme tenta agarrar a Raul Seixas, o intérprete de todas as canções do filme –; e Márcio quer voar, uma fantasia que povoa o cinema desde seu surgimento.

Essa espécie de roadmovie, aliás, é uma verdadeira homenagem à arte cinematográfica….E O Vento Levou, Forrest Gump e Tropa de Elite, além do cineasta espanhol Pedro Almodóvar, são alguns dos alvos do exercício metalinguístico de um filme em que os protagonistas adoram citar frases famosas de outras produções, inclusive nos momentos em que se passam por assaltantes com armas de brinquedo.

Mas, para além das homenagens, Colegas é uma ode à amizade, onde as deficiências são tratadas sempre com bom humor e naturalidade, ao invés de cair no tom moralista, caricatural e, muitas vezes preconceituoso, que é comum se ver quando se trata de pessoas com deficiência. No final, duvido que todos os espectadores não tenham ficado com vontade de serem amigos de Stallone, Aninha e Márcio.

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