Banda Mafalda Morfina mostra ‘Playfull Rock’ em São Paulo

Os cearenses do Mafalda Morfina se apresentam em circuito alternativo de São Paulo (©Divulgação) “Playfull rock” é a maneira como a banda cearense Mafalda Morfina denomina o gênero ao qual […]

Os cearenses do Mafalda Morfina se apresentam em circuito alternativo de São Paulo (©Divulgação)

“Playfull rock” é a maneira como a banda cearense Mafalda Morfina denomina o gênero ao qual pertence. De acordo com a vocalista, violonista, gaitista e compositora Luciana Lívia, trata-se de rock lúdico, que transita nas letras pelo mundo da fantasia e o mundo real. É o que poderá ser conferido na quinta-feira(14) no Café Aurora, e no sábado (16), na Cerveja Azul, ambos em São Paulo. 

Nesses shows, Luciana Lívia, Carla Keyse (contrabaixo e vocais) e Andrews (bateria) apresentam as canções do álbum de estreia, “Sonhos Contrários”, lançado em 2008. Em julho, a banda – surgida em 2004 – entra em estúdio para mais uma jornada, dando continuidade a uma trajetória que começou em festivais do Ceará, como Rock Cordel, Ponto CE, Feira da Música e Ceará Music; e abrindo shows de bandas e artistas nacionais como NX Zero, Pitty, Leela, Biquini Cavadão, Paralamas do Sucesso e Titãs. 

Mafalda Morfina possui uma sonoridade que, às vezes, remete a certo psicodelismo, como em “Olhos Loucos e Meu Coração” e “Novo Sol”, com certa semelhança à sonoridade da banda paulistana Ludov. As duas canções combinam com perfeição com o lindo projeto gráfico e ilustrações de J. Júnior.

Já a inadequação parece ser uma temática constante nas letras das canções, que geralmente giram em torno de tentativas muitas vezes frustradas de amor, o que se vê na ótima “Se Você Quiser”: “O triste é saber de um mundo / Acorrentado por tantas / Definições Se você quiser / Me indefinir… Cantar um soneto / Beijar a traseira de um barco / a vapor / Só falar loucuras / E não soluções”. 

O álbum começa com o rock agitado “Mesma Veia”, com certa verve de roqueiro baiano Raul Seixas e que termina com o som chiado de uma gaita. Em seguida, vem a canção-título, com pegada instrumental mais pesada, que contrasta com a voz grossa de Luciana Lívia. “O tempo passa / E eu aqui paralisada / Queria ter 12 anos de idade / Mas ao mesmo tempo / Peço maturidade / Fazendo da vida um teatro”, canta, como se fosse um misto da personagem dos quadrinhos criada pelo argentino Quino, Mafalda, sobre influência do deus dos sonhos, Morfeu.

O desencontro segue na elétrica “O Seu Jogo”, espécie de versão moderna de “Hello Goodbye”, de Lennon e McCartney: “Eu digo sim Você diz não / Tudo que você tem é meu coração Vivemos num jogo / Eu não quero jogá-lo Mas você insiste…”. Há também as contagiantes baladas “4,10, 12 Horas” e “Café-com-Leite”: “Quando a chuva esquentar e o sol esfriar / Nossos corpos, nossas vozes, nossa forma de amar / E eu poderei fazer carinho / Soletrar seu nome de mansinho / Sem ter que no relógio olhar / Se já está na hora de ‘chegar’.”.

A razão de a divertida e poderosa “A Vaca de Um Sapato Só” não tocar sem parar nas rádios é um desses mistérios insondáveis. A canção, uma das melhores do álbum, possui um belo jogo de vozes, a potência de guitarra e bateria, e a letra divertidíssima: “Tudo dia é sempre a mesma companhia / Pra vaca que não sabe se encontrar / O boi de tanto mugir até mia / E a vaca já não pode aguentar / Porque ela quer o que ele não tem / E o que ela quer ela sabe muito bem…”. 

 “Sonhos Contrários”, portanto, apresenta uma banda madura e com potencial para conquistar até os ouvintes mais exigentes. Afinal, há ali o melhor rock and roll e algumas baladas unidas em torno dos desencontros e da inadequação da vida, o que resulta numa busca por um lugar de sonhos, no caso, contrários ao que são os sonhos digamos mais previsíveis.

Leia abaixo uma entrevista exclusiva com a vocalista e compositora Luciana Lívia.

O que seria exatamente playfull rock?
O termo surgiu numa brincadeira, de rotular o “desrotulado”. Playfull Rock significa então Rock Lúdico. Gostamos de transitar em nossas letras pelo mundo da fantasia e o mundo real, reforçando que todos podem ter ou ser o que sua imaginação permitir e que há uma força infinita em cada um de nós.  Nosso som também acompanha essa ideia. Em sua estrutura, é um rock moderno, mas um tanto quanto nostálgico.

Como surgiu a Mafalda Morfina e de onde veio esse nome?
A banda surgiu em Fortaleza (nossa cidade de origem). Eu sempre tive vontade de montar uma banda e dar vida, cor e sons as minhas composições. Saí em busca dos integrantes e depois de achá-los, faltava criar um nome; inspirei-me na ‘Mafalda’ (personagem do cartunista argentino Quino), uma criança filósofa e questionadora; e em ‘Morfina’, que deriva de Morfeu, o Deus dos sonhos. Mafalda Morfina é essa mistura de Filosofia com Sonhos!
 
Quais são as principais influências na música de vocês?
No Doubt, Coldplay, The Beatles, Kings Of Leon, Michael Jackson, Pato Fu, Raul Seixas.

Qual foi a importância de abrir shows para bandas como Titãs e Paralamas do Sucesso?
Foram experiências indescritíveis. Ao mesmo tempo em que estávamos maravilhados por tocar ao lado de ícones do Rock brasileiro, tínhamos uma enorme pressão de fazer tudo sair certinho. É uma verdadeira aula de Rock’n’Roll e uma bagagem que você carrega para toda vida. Sem falar na simpatia de todos!

Você considera o psicodelismo e a eletrônica vertentes importantes da sonoridade do Mafalda Morfina? Por quê?
Podemos dizer que são vertentes sim. Gostamos de colocar efeitos eletrônicos em algumas músicas. Porém eles soam mais como detalhes para o enriquecimento do todo e não como foco principal. Achamos interessante usufruir dessas tecnologias, sem deixarmos de ter, por exemplo, guitarras bem trabalhadas, que são a alma do Rock.
 
É possível reconhecer uma unidade sonora e temática em “Sonhos Contrários”? Se sim, você consegue descrevê-la?
Acho que a unidade temática presente na letra é o que de fato deu vida a essa canção. Uma menina assume um papel de remontar sua vida, diante de um mundo que parece não lhe enquadrar. Ela é uma representação literária de pessoas como você ou eu, que seguem em busca de seus ideais, quebrando paradigmas e “driblando” destinos previsíveis. Acho que por isso a música é tão bem aceita, seja tocada como antes ou agora (fazendo referência às duas versões da música), a identificação maior da galera parece ser com o que está sendo cantado.

Quais são os próximos passos já previstos para o Mafalda Morfina?
Depois de termos lançado a regravação de “Sonhos Contrários”, fizemos o clipe dela com o renomado diretor Mauricio Eça. Neste primeiro semestre, focaremos no lançamento e divulgação desse clipe e também na produção de novas músicas. Nesse ano, a banda está se reinventando, em fase de criação. Aguardem as novidades!

Por que vocês optaram por deixar Fortaleza e virem para São Paulo? Ainda é preciso vir para os grandes centros, principalmente São Paulo e Rio de Janeiro?
Já tínhamos conseguido um grande destaque em Fortaleza e em algumas cidades do Nordeste, e então decidimos vir para o famoso Eixo Rio – São Paulo. Mesmo com a crescente ascensão da internet, ainda há uma grande importância em aparecer ‘ao vivo’, para os grandes empresários e gravadoras.  E neste ponto, ainda não existe vitrine melhor que estas duas cidades.

Serviço: Mafalda Morfina
Show Café Aurora – quinta-feira, 14/6, às 21h
Ingresso: R$15,00 (lista) a R$20,00 (na hora) – somente em dinheiro
Rua Treze de Maio, 112. Bela Vista. T: (11) 3255-5564

Show Cerveja Azul – sábado, 16/6, às 19h
Ingressos: R$10,00
Praça Ciro Pontes, 26. Mooca. T: (11) 2028-2538

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