A inventividade do capixaba Nenna no Museu de Arte do Espírito Santo

‘Tradição’, do capixaba Nenna, destaque em sua primeira exposição individual, em Vitória/ES (©nenna.com) O artista plástico capixaba Nenna atua desde a década de 1970 e é considerado um dos pioneiros […]

‘Tradição’, do capixaba Nenna, destaque em sua primeira exposição individual, em Vitória/ES (©nenna.com)

O artista plástico capixaba Nenna atua desde a década de 1970 e é considerado um dos pioneiros da arte moderna no Espírito Santo. Porém, apenas agora ganha uma primeira mostra individual. “Meditações Extravagantes” conta com impactantes instalações em diferentes ambientes e pode ser vista, gratuitamente, no Museu de Arte do Espírito Santo Dionísio Del Santo (Maes), às terças, quintas e sextas, das 10h às 18h, às quartas, das 10h às 21h, e aos sábados, domingos e feriados, das 10h às 17h, até 22 de julho.

Logo na entrada do museu, é impactante três imensas rochas de Angelim-pedra, Peroba e Ipê amarelo, todas devidamente trabalhadas pelo artista. Porém, o impacto maior está no andar superior, todo escuro, e no qual o primeiro contato é com centenas de fitas imensas vermelhas suspensas do teto, contornando um espaço marcado por uma luz vermelha e um barril cor de laranja suspenso do teto, como se fosse um foguete. Em seguida, o espectador é convocado a exercer sua função de voyeur, espiando uma imagem aérea do planeta Terra pelo buraco devidamente aberto numa parede.

Na próxima sala, há um imenso mapa-múndi pregado a uma parede e dividido em imensos painéis, com informações do jornal francês “Le Monde”, como as bandeiras dos países e os nomes de montanhas e climas. Há outro ambiente com dois cilindros de ferro verde e amarelo unidos por um tubo vermelho sobre um monte de areia. E, para completar, uma sala é ocupada por um trampolim azul posicionado sobre um vidro, ao som de mar, vento e canto de passarinhos.

Nenna, portanto, proporciona ao visitante a chance de estabelecer um contato inovador e criativo com o planeta Terra e o que ele possui de mais primitivo, mas sempre contraposto à ação do homem e à presença de sinais da máquina. Totalmente de acordo com o vídeo-documentário dirigido por Ana Cristina Murta e que também pode ser conferido na exposição, “A Pedra Que o Estilingue Lança”.

Durante 19 minutos, o documentário mostra um trabalho em que o artista instala um estilingue numa árvore centenária e a reação das pessoas a ele. Contraposto à reflexão em torno do que é ou não arte, há depoimentos de artistas contemporâneos de Nenna e informações de época a respeito de sua importância para as artes plásticas do Espírito Santo. A melhor definição que extrapola a tela é “Arte é o entusiasmo que me move, que me faz sair do lugar”. É justamente o que o artista capixaba atinge nas ótimas “Meditações Extravagantes”.

“Irreverente, inquieto e autor de propostas de grande potência e engenhosidade criativa e reflexiva, desde o início de sua atividade artística nos anos de 1970, Nenna buscou provocar e interagir com o visitante das mostras para demovê-lo da habitual acomodação e passividade. Instiga-o a dialogar, emitir opiniões, formular hipóteses sobre o que ele visualiza, vivencia e sente, num processo em que o olho deve se mostrar tátil, para tocar, tatear, penetrar, desvelar, pôr em dúvida o que vê, invertendo, assim, o conceito tradicional de obra de arte e de espectador”, parece concluir a curadora Almerinda da Silva Lopes, no catálogo da exposição.

 

Serviço
Exposição Meditações Extravagantes – Nenna.
Até 22 de julho. Entrada franca
Terças, quintas e sextas-feiras, das 10h às 18h; quartas-feiras, das 10h às 21h;
sábados, domingos e feriados, das 10h às 17h
Museu de Arte do Espírito Santo Dionísio Del Santo (Maes)
Avenida Jerônimo Monteiro, 631. Centro. Vitória (ES) – T: (27) 3132-8390

 

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