Copenhagen investe em ‘rodovias’ para bicicletas

Em um dos países em que há mais ciclistas no mundo, Copenhagen busca aumentar o uso desse meio de transporte (foto: Troels Heien/www.kk.dk) Em um tempo em que o veículo […]

Em um dos países em que há mais ciclistas no mundo, Copenhagen busca aumentar o uso desse meio de transporte (foto: Troels Heien/www.kk.dk)

Em um tempo em que o veículo de comunicação oficial de um estado brasileiro aconselha aos cidadãos que não usem bicicleta no trânsito, porque essa prática seria muito perigosa, a sensação é que o investimento nesse meio de transporte por aqui vai ser sempre uma ficção. Por isso o exemplo de Copenhagen, na Dinamarca, é tão impressionante.

A cidade está investindo cerca de US$ 40 milhões para a construção de 26 faixas rápidas para bicicletas, que levam o nome de bicycle superhighways. Elas se juntarão à já impressionante rede de faixas para bicicletas existente no país, que chega a 10 mil quilômetros. A diferença é que essas faixas são inspiradas nas grandes rodovias para carros: têm um pavimento mais liso, são largas, seguras e milimetricamente planejadas para melhorar a experiência dos usuários. Um exemplo são as lixeiras, colocadas em um ângulo que facilita o uso por quem está de bicicleta.

Esse projeto procura encorajar as pessoas que moram nos suburbios a usar as bicicletas. Na Dinamarca, o usuário médio das bicicletas são aqueles que se locomovem por cinco quilômetros. As novas faixas têm como público-alvo as pessoas que moram a mais de cinco quilômetros do centro da cidade.

O esforço dinamarquês para aumentar o uso das bicicletas como meio de transporte do dia a dia é tão grande que, em muitos trajetos, não faz sentido usar o carro ou outros meios. A bicicleta não é apenas mais verde e mais saudável, mas também mais eficiente. Isso só é possível graças a um planejamento que coloca o ciclismo como prioridade. Clique aqui para conhecer mais detalhes do projeto (link em inglês).

É evidente que esse projeto não é aplicável imediatamente nas grandes cidades brasileiras, por questões estruturais e de hábito da população. Há também que se lembrar que o clima da maior parte do país é quente o suficiente para que os ciclistas cheguem ao trabalho pingando de suor, o que, nos padrões atuais, é inaceitável. Da mesma forma, a topografia nem sempre ajuda.

Acredito, no entanto, que a busca por um padrão de locomoção mais eficiente, menos poluente e violento tem que ser o norte de qualquer projeto de mobilidade. Isso quer dizer que, de acordo com a realidade de cada cidade, a bicicleta deve sim ser incluída no planejamento viário. É possível, gradualmente, aumentar a participação da bicicleta no transporte, o que tem impactos positivos na mobilidade, poluição e saúde das pessoas.