Carlinhos Vergueiro homenageia Nelson Cavaquinho

Em 29 de outubro, um dos mais importantes nomes da história do samba, o carioca Nelson Antônio da Silva, mais conhecido como Nelson Cavaquinho, completaria 100 anos. Morto há 25 […]

Em 29 de outubro, um dos mais importantes nomes da história do samba, o carioca Nelson Antônio da Silva, mais conhecido como Nelson Cavaquinho, completaria 100 anos. Morto há 25 anos, ele ficou associado ao cavaquinho, mas se dedicou mesmo ao violão e, em entrevista a Sérgio Cabral, declarou antes de falecer que compunha sem utilizar qualquer instrumento. Várias dessas músicas foram dedicadas à escola de samba do coração, Estação Primeira de Mangueira. É o que se pode conferir no recém-lançado álbum “Carlinhos Vergueiro interpreta Nelson Cavaquinho”.

A união de Nelson Cavaquinho e Carlinhos Vergueiro só poderia render algo muito bom. Afinal, o cantor, compositor e produtor nascido em São Paulo, em 1952, teve mais de 150 canções compostas em parceria com nomes como Vinicius de Moraes, Toquinho, Chico Buarque, João Nogueira, Paulo César Pinheiro e Paulinho da Viola, entre outros. Um dos maiores sucessos foi “Torresmo à Milanesa”, criada com Adoniran Barbosa, em 1980.

A Mangueira aparece em canções como “A Mangueira Me Chamou”, “Pranto de Poeta” e o clássico “Folhas Secas”, parceria com Guilherme de Brito e que conta com a participação de Wilson das Neves: “Quando eu piso em folhas secas / Caídas de uma mangueira / Penso na minha escola / E nos poetas da minha Estação Primeira”. A figura do palhaço também é muito presente nas composições de Nelson Cavaquinho, caso de “Palhaço” e “Luz Negra”, composta com Amâncio Cardoso: “A luz negra de um destino cruel / Ilumina o teatro sem cor / Onde estou desempenhando o papel / De palhaço do amor”.

No entanto, as canções são dominadas mesmo pela temática da boemia, marcada por bares, cigarros, mulheres e desilusões amorosas. Esse é o caso de “Notícia”, composta com Norival Bahia e Alcides Caminha: “Já sei a notícia que vens me trazer / Os teus olhos só faltam dizer / Que o melhor é eu me convencer / Guardei até onde eu pude guardar / O cigarro deixado em meu quarto”. O mesmo acontece em “Beija-Flor”, criada com Noel Silva e Augusto Tomás Jr., e que conta com a participação da cantora Cristina Buarque. A única canção presente e que não foi composta por Nelson Cavaquinho é “O Meu Pecado”, criada por outro mangueirense histórico, Zé Kéti.

Outras participações especiais do álbum são Chico Buarque, que interpreta “Nome Sagrado; e Marcelinho Moreira, cantando e tocando tamborim, ganzá e pandeiro, em “Pranto de Poeta”, outra parceria de Nelson Cavaquinho com Guilherme de Brito. Tão importantes quanto são as presenças de Tiago Machado, cuidando dos arranjos da maioria das faixas e tocando violão; do saxofonista Dirceu Leite, do trombonista Marlon Sette; do baixista Matheus Alcântara; e do baterista Renato Massa, entre outros.    

O resultado é um belo álbum que tece um retrato bastante amplo e variado do papel importante exercido por Nelson Cavaquinho na história da música brasileira. Mas também proporciona momentos prazerosos com músicas cativantes e muito bem interpretadas. “Lembremos, com saudade, a figura humana do homenageado. Principalmente o seu desprendimento e o gosto pela reflexão sobre a vida e a morte, um tema recorrente no conjunto da obra que, pedindo licença a Chico Buarque, vou definir aqui como sambas de grande amor”, diz Aluízio Falcão, no encarte.

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