Depois de autorizar marcha de Damas de Branco, Cuba pressiona EUA

Protesto foi negociado por arcebispo de Havana. Governo reclama da pressão internacional e pressiona norte-americanos a libertar cinco presos

Havana – Segundo o jornal mexicano “La cronica de hoy”, de 3 de maio, o presidente de Cuba, Raul Castro, permitiu a marcha das damas de branco no domingo, um dia após a marcha do primeiro de maio, que reuniu cerca de 800 mil trabalhadores cubanos.

O jornal noticia ainda que foi o arcebispo de Havana, Jaime Ortega, quem intermediou a liberação o protesto das mulheres. A matéria do jornal é acompanhada de uma foto com nove mulheres em duas filas indianas carregando flores de palma nas mãos.

Uma porta voz do grupo de mulheres qualificou a marcha como atos de repúdio contra a prisão, desde 2003, de 75 opositores, a quem o governo cubano acusa de conspiração. A marcha foi num trecho da 5ª Avenida, de Havana, após a realização de uma missa pelo arcebispo na Igreja de Santa Rita. Em declaração à Agência EFE, o arcebispo qualificou a permissão como uma pequena vitória e evitou qualificá-la como flexibilização.

Em evento com delegações sindicais estrangeiras, um funcionário da secretaria de relações internacionais da Central Cubana dos Trabalhadores (CTC), ironizou o destaque dado às damas de branco na mídia internacional e considerou o noticiário como parte de uma campanha difamatória. “Falam das damas de branco que protestam mas nada falam das milhares de damas de branco que trabalham como enfermeiras, médicas e professoras a serviço do bem estar do povo cubano”.

Dois dias após o primeiro de maio, a central sindical realizou um encontro com cerca de 1.300 delegações internacionais no Palácio das Convenções quando um dos principais assuntos tratados foi a manutenção de cinco prisioneiros cubanos nos EUA, por mais de onze anos.

As autoridades cubanas consideram os prisioneiros como patriotas e herois por terem lutado contra atos de terrotismo dos exilados cubanos em Miami e da Central de Inteligência Americana (CIA). As esposas dos presos e o governo cubano vem denunciando reiteradamente em organismos internacionais que as prisões são arbitrários, com várias ilegalidades, como a protelação de julgamento de recursos e a não autorização do ingresso das esposas nos EUA e, consequentemente, o impedimento de os presos receberem visitas dos familiares.