mentiras

Lula lidera entre religiosos, mas ‘Folha de S.Paulo’ manipula informação

Entre católicos e evangélicos, petista lidera a disputa para 2018, à frente de Marina e Bolsonaro. Em dois dias, jornal dá três notas revelando jornalismo degradante para atacar ex-presidente

Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Entre evangélicos, Lula tem 32% das intenções de votos e, entre católicos, 40%

GGN – A Folha de S.Paulo manipulou a última pesquisa Datafolha duas vezes para fazer parecer que a candidatura de Lula vem caindo entre um segmento da população: o que se declara evangélico. Mas os dados do estudo mostram o contrário: Lula lidera a disputa para 2018 mesmo neste nicho, deixando para trás Jair Bolsonaro, Marisa Silva e João Doria.

A primeira manipulação de Folha ocorre no título e no primeiro parágrafo da matéria “Evangélicos impulsionam Bolsonaro e Marina e derrubam Lula, diz Datafolha“.

O título dá a entender os candidatos do PSC e Rede crescem enquanto Lula cai numa avaliação em que só o nicho evangélico é levado em consideração. Mas a afirmação é desmentida pelos dados da pesquisa Datafolha do final de setembro.

Entre evangélicos, Lula tem 32% das intenções de votos, seguido por Bolsonaro (21%) e Marina (17%). João Doria aparece com 7%.

Os cenários não incluiem Ciro Gomes (PDT) nem Geraldo Alckmin (PSDB). Por outro lado, constam nomes que não chegam a 2% da intenção de votos, como o de João Amoêdo, do Partido Novo.

No cenário em que Doria não disputa pelo PSDB, a distância entre Lula e Bolsonaro cai um pouco, mas o petista ainda lidera com 29% entre evangélicos, ante os 22% do deputado do PSC e os mesmos 17% de Marina. Embora tenha ejetado Doria deste quadro, Folha não inseriu pontuação possivelmente angariada por Alckmin.

Mesmo diante dos números, Folha força a barra e diz que “Bolsonaro e Marina disparam na preferência evangélica, com pelo menos 21% e 17% das intenções de voto, respectivamente.”

REPRODUÇÃO
Na contramão da pesquisa, Folha diz que eleitores tendem a votar em Marina e Bolsonaro

O que Folha fez para passar a impressão de que Lula foi “derrubado” nessa pesquisa foi comparar os índices do ex-presidente na pesquisa de opinião em nível nacional (onde ele aparece com 35% das intenções de voto) com essa pesquisa que só leva em conta o eleitorado que se disse evangélico (onde Lula, mesmo assim, lidera com 29%, de acordo com a própria Folha). Ou seja, uma diferença de 3 pontos percentuais entre duas pesquisas completamente distintas deu à Folha a licença poética de cravar que o “conforto” do petista em 2018 “vai minguar um bocado”.

A segunda manipulação de Folha consiste em recortar e dar destaque ao nicho evangélico, que representa 32% da população brasileira, quando os católicos ainda são maioria: 52%.

Também entre católicos, Lula lidera a corrida presidencial para 2018. Curiosamente, com ainda mais vantagem do que entre os evangélicos. Nesse segmento, o petista tem preferência de 40%, seguido por Bolsonaro (13%), Marina (12%) e Doria (7%). Quando Doria não está no páreo, Lula continua com 40%, Bolsonaro fica com 14% e Marina, 11%.

A desculpa de Folha para destacar o cenário com evangélicos (ou seja, um contexto que Lula é menos favorito, embora continue liderando) foi a de que a “presença” dos católicos entre o total de brasileiros vem “encolhendo”. Embora ainda sejam maioria, nos anos 1980 foram mais predominantes: eram 9 entre cada 10 brasileiros.

A pesquisa focada em religiosos foi feita por ocasião dos 500 anos de reforma protestante. Só que revelou outro dado: que mesmo entre todos os brasileiros que se declararam religiosos, a maioria absoluta (8 em cada 10) diz que não leva em conta a opinião de seus líderes religiosos para votar.

Mesmo entre os evangélicos, a taxa média de quem dá ouvido a pastores é de 26% apenas, sendo que entre seguidores da Universal e Renascer, é um pouco maior: de 31%.

O próprio jornal reconhece que a influência dos religiosos é exercida sobre uma “minoria”.

Folha em campanha contra Lula

Neste domingo, o site da empresa divulgou nota em que “manifestantes” preparam protestos contra o ex-presidente em sua visita a Ipatinga (MG), na abertura da etapa mineira do projeto Lula pelo Brasil. A nota informa que há “manifestantes” de quatro cidades da região, somando 20 (20!) os interessados em participar do ato.

E nesta segunda a Folha repercute longa entrevista de Lula ao jornal espanhol El Mundo. A chamada da nota assinada pela repórter Cátia Seabra traz como destaque que “Lula traiu seu eleitorado”, ao assinalar trecho em que o ex-presidente admite que Dilma falhou ao propor ajuste fiscal, totalmente descontextualizado do restante da entrevista.

A reportagem do periódico espanhol traz como chamada “Lula da Silva, herói para o povo e vilão para a Justiça”. Analisa que a mídia não desempenha ante o país desmoralizado pela derrocada política, econômico e moral pós-golpe o mesmo que teve para inflar os protestos de 2013.

“As televisões convocam as manifestações, chegaram a retirar a novela da noite do ar para cobrir o povo na rua. Em toda a história de mobilizações do Brasil a mídia nunca se havia comportado daquela forma. A educação e a saúde viviam um de seus melhores momentos. É claro que as pessoas têm direito de exigir, mas a situação atual está muito pior e ninguém sai à rua para protestar porque a mídia não incita”, diz Lula.