Juros em 2011 custam 15 Bolsa Família, 6 PACs e 4,5 cortes no orçamento
Só o efeito do aumento na taxa básica de juro e da inflação poderia custear duas vezes o investido em transferência de renda e quase o Programa de Aceleração no Crescimento
Publicado 19/04/2011 - 13h16
Banco Central começa nesta terça a decidir o novo patamar da taxa básica de juros da economia. Aposta é de nova alta (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
Deu no Valor Econômico desta terça-feira (19). O pagamento de juros pelo setor público em 2011 deve passar de R$ 230 bilhões, o que equivale a 5,6% do Produto Interno Bruto (PIB). As estimativas são do Banco Central e representam a primeira alta proporcional desde 2005. Em termos nominais, o aumento é de R$ 35 bilhões. É mais do que o dobro do Bolsa Família, 90% do PAC e 70% do corte no orçamento.
A sifra seria suficiente para custear quase 15 vezes o investimento no programa Bolsa Família – que demanda R$ 15,5 bilhões. Ou quase seis vezes o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – R$ 41,0 bilhões. Ou ainda 4,6 vezes o tamanho do corte no Orçamento Geral da União anunciado em fevereiro pelo Ministério da Fazenda.
Nesta terça começa a 158ª reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central que vai decidir o patamar da taxa básica de juros da economia, a Selic. Em cada uma das duas últimas reuniões, ambas realizadas durante o governo de Dilma Rousseff, houve elevação de 0,5 nos juros. A expectativa é de nova rodada de alta, segundo analistas ligados ao mercado financeiro.
A alta da Selic é um dos principais elementos que explicam a alta de 0,2 ponto percentual no gasto com juros pelo governo em relação a 2010. Outro aspecto é a alta da inflação, já que 30% da dívida pública é reajustada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que acumula alta de 6,3% nos últimos 12 meses até fevereiro. Atreladda à Selic estão 35% da dívida.
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