Rádio Brasil Atual

Frei Betto comenta sexualidade e pedofilia na Igreja Católica

Colunista da Rádio Brasil Atual destaca declaração do papa Francisco, sobre o fato de os escândalos serem ‘tantos, que não podem ser citados individualmente’, e que são ‘vergonha’ para a Igreja

São Paulo – O dominicano Frei Betto, comentarista da Rádio Brasil Atual, abordou hoje (27) assunto incômodo para a Igreja Católica: a pedofilia. O teólogo considera que o papa Francisco surpreende positivamente em recentes declarações, ao admitir pela primeira vez, no comitê da ONU para os Direitos da Criança, a prática de crimes de abuso sexual, como a pedofilia, por membors da Igreja Católica.

Betto destacou ainda afirmações do pontífice a respeito de sexualidade, ao não demonizar gays, “ao contário de tantos bispos e padres que consideram a homossexualidade uma doença”, e de relativizar o tema do aborto, num mundo em que muito poucos protestam contras as guerras, a fabricação e o comércio de armas. “Isso é que é sinistro: o sujeito diz que condena quem aprova qualquer tipo de aborto, mas defende a pena de morte, quer a redução da maioridade penal para menores, aprova a fabricação e comércio de armas. Puro, puro cinismo.”

No comentário, o dominicano assinala ainda a nomeação de Pietro Parolin para o cargo de Secretário de Estado do Vaticano. Parolin, que foi núncio na Venezuela, já chamara atenção por afirmar que o celibato não é um dogma, argumento que vai ao encontro dos precursores da Teologia da Libertação, que defendem o fim do celibato obrigatório para sacerdotes. “São Pedro, o primeiro papa, era casado, conforme está no evangelho de Marcos. E na Igreja primitiva homens casados eram ordenados sacerdotes”, lembra o comentarista.

“O preconceito à sexualidade nasce na Igreja por influência da filosofia de Platão, que culmina na falsa justificativa de que a lei natural associa sexo e reprodução. Daí o fato de pendurar, ainda hoje, na doutrina oficial da Igreja Católica, a exigência de os casais só terem relações sexuais se houver a intenção de procriar. Será que todo casal católico, bem casado na Igreja, quando vai ter relações afetivas e sexuais pensa em procriar, será?”, questiona.

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