Desenvolvimento em foco

Desafios e tendências do setor de serviços e turismo em tempos finais de pandemia

Momento é propício para otimizar recursos e processos, rever funções e agregar serviços de Business Intelligence

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Viajar é uma prioridade quando se considera descanso e merecimento. Com o controle da pandemia, a previsão é de grande aumento por roteiros acessíveis, como o Rio de Janeiro para boa parte dos brasileiros

Este artigo sintetiza nota técnica publicada na 21ª Carta de Conjuntura da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). Na nota, fizemos uma breve análise e provocamos reflexões sobre o contexto, desafios e tendências do setor de serviços e turismo em momento de incerteza e instabilidades no cenário mundial, apontando perspectivas e oportunidades a partir de estudos realizados por instituições e especialistas destas áreas. A íntegra da nota pode ser acessada em https://www.uscs.edu.br/noticias/cartasconjuscs.

Observa-se que o setor de serviços tem enfrentado dificuldades devido a alta da inflação, endividamento e altas taxas de desemprego. No entanto, as perspectivas melhoram com o fim da pandemia e o ganho de confiança para a retomada das atividades. Algumas mudanças de hábitos e modelos de negócios podem ter sido temporárias, mas boa parte será incorporada e aprimorada a partir de agora.

Com inúmeras variáveis políticas, econômicas e sociais atravessando a retomada pós-pandemia, os desafios relativos às previsões de receita, estabelecimento de preços e previsão de demandas são enormes. É momento propício para otimizar recursos e processos, rever funções, agregar serviços de Business Intelligence que vão embasar com maior efetividade e rapidez a tomada de decisão, promovendo a criação de histórico de informações.

A partir da análise de macrotendências mundiais, artigos e observação, destacamos as seguintes perspectivas e oportunidades para a área de Serviços:

Clubes de assinatura – Observa-se a preferência do consumidor em ser usuário do que proprietário; a cultura de assinaturas tem se ampliado para aquisição de roupas, notícias, entretenimento, livros, cosméticos, alimentos cujo usuário conta com a flexibilidade de alterar o serviço quando desejar, bem como contar com benefícios extras, tornando a percepção de ganho maior do que nas compras tradicionais.

Realidade virtual – Diferentes áreas de entretenimento e serviços educacionais estarão cada vez mais disponíveis por meio desta tecnologia.

Maior investimento em Segurança de dados – Seja para evitar fraudes com o aumento do trânsito de informações decorrentes de e-commerce, seja devido a maior utilização de tecnologia em nuvem, ou para a proteção de dados de empresas e segurança cibernética, esta área tende a crescer ainda mais com o aumento de conectividade de dados.

Comodidade do cliente – E-commerce e suas ferramentas tendem a ser cada vez mais utilizados por empresas de qualquer tamanho. Serviços que tornem esta experiência mais efetiva, rápida e confortável, serão priorizados.

Novas tecnologiasStartups ganham espaço em um mercado ágil, demandante e que não vai priorizar empresas tradicionais e lentas em seu processo de transformação.

Mercados autônomos – Mercados e outros negócios que ofereçam o autosserviço, sem custo fixo de pessoal, tendem a crescer, atendendo a comodidade do consumidor.

Mercado de Trabalho – A possibilidade do “outoffice” (fora da empresa não pressupõe que o trabalho seja realizado somente de casa) amplia o recrutamento de trabalhadores geograficamente distantes. Políticas de retenção de talentos diferenciadas serão importantes para a manutenção das equipes.

Arquitetura e design de interiores – Demanda por revisão de layout das residências, grandes escritórios e espaços corporativos.  A possibilidade do trabalho híbrido ou remoto, favorece novas concepções, ambientes integrados além de movimentar o setor de design de interiores, mobiliários e equipamentos.

Learning Experience Design – O estudante é o centro do processo, e todo o suporte ao seu aprendizado deve ser desenvolvido nesta perspectiva. Materiais auto-instrucionais, realidade aumentada, desenvolvimento de jogos e aplicativos que favoreçam o processo ganham mais espaço neste contexto.

Telemedicina – Deve se ampliar ainda mais, bem como os serviços de saúde domiciliares e home care. Isto se deve tanto pelo processo de envelhecimento, qualidade e conforto do paciente, quanto para evitar riscos e contaminação desnecessários, além de redução de custos estruturais. Serviços domiciliares como coleta de exames, vacinas, curetagem, injeções já são opções de vários serviços de assistência médica. Profissionais com capacitação específica para atuar nestes serviços serão cada vez mais demandados. 

A partir do aumento da vacinação, da diminuição de casos de Covid 19 e do maior controle sanitário, especialistas indicam um cenário positivo para a retomada de atividades turísticas e de entretenimento em 2022. 

Pela sua extensão, diversidade, história e cultura o Brasil tem muito a explorar seu apelo turístico, movimentando de maneira relevante a economia local e nacional. O turismo bem estruturado e sustentável impulsiona a entrada de recursos financeiros além de gerar transformação social, inclusão, empregos e fomento à iniciativas empreendedoras.

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Para isso há uma série de desafios e melhorias estruturais, como a malha viária por exemplo. Um bom sistema viário, principalmente em regiões que formam circuitos é um impulsionador para o desenvolvimento turístico, como um todo. O uso de novas tecnologias que possibilitam a coleta de dados e manejo inteligente de informações, é uma ferramenta necessária para direcionar investimentos. Alterações na legislação que favoreçam o turismo de entretenimento (jogos, por exemplo), são condições que podem favorecer regiões não tão atrativas naturalmente, aquecendo a economia local.

Considerando as perspectivas e oportunidades para o segmento de Turismo, merecem destaque:

Bleisure (business+leisure) – Com a possibilidade de trabalhar a distância, surgem outras oportunidades de atrelar lazer e trabalho, fora dos períodos de temporada e  roteiros tradicionais.

Viagens e Bem-estar – Viajar é uma prioridade quando se considera descanso e merecimento. Com o controle da pandemia, a previsão é de grande aumento por roteiros acessíveis.

Viagens de negócios – Prevê-se grande queda das viagens de negócios, bem como de grandes eventos corporativos em função dos meios remotos e mais baratos.

Consumidor e Comportamento – Maior flexibilidade na relação entre cliente e fornecedor é algo que permanecerá. Destinos com boas condições sanitárias, infraestrutura de saúde, maior proximidade com a natureza, estruturas que acomodem família e amigos mostram-se como alternativas promissoras para um período pós-pandêmico.

Modernização de processos e uso de soluções tecnológicas – O ganho de agilidade pelo autosserviço e automação são fatores apreciados pelo usuário, pois contribuem com uma experiência de viagem menos caótica, além de gerar economia ao prestador de serviços.  

Turismo e a experiência – Além do entretenimento e descanso, o turismo da saúde, o industrial, gastronômico, cultural podem abrir oportunidades para os serviços agregados a estes roteiros. Serviços educacionais, compras, aumento de repertório cultural enriquecem e dão maior sentido à experiência da viagem. Neste sentido, o planejamento conjunto do poder público, setor de serviços, fornecedores de produtos locais é essencial para a estruturação e aproveitamento de oportunidades.   

A partir das análises de dados e informações disponíveis até o momento, evidenciam-se tanto desafios como oportunidades a curto e médio prazos, as quais devem ser adequadamente aprofundadas para que em um esforço conjunto entre poder público, privado e os diferentes setores haja planejamento e ação sincronizada para o máximo proveito de todos.


Erika Rohrbacher – Mestre em Psicologia da Educação pela PUC-SP; especialista em Orientação Vocacional pelo Instituto Sedes Sapientiae; psicóloga pela Umesp; formação em Gestão do Conhecimento a Administração pela FGV/SP; Formação em Gestão Escolar pela Helsinki University; diretora do Senac Santo André; membro do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico de Santo André; facilitadora em Processos de Desenvolvimento Humano e de Equipes.

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