Argentinos bloqueiam Monsanto contra construção de fábrica de sementes

Instituto Arruandista A rejeição à Monsanto se deve aos altos índices de desmatamento e a emergência hídrica Em 19 de setembro realizou-se um festival artístico nas Malvinas Argentinas, a 20 […]

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A rejeição à Monsanto se deve aos altos índices de desmatamento e a emergência hídrica

Em 19 de setembro realizou-se um festival artístico nas Malvinas Argentinas, a 20 km do centro de Córdoba. O lema era “Primavera sem Monsanto”. Havia grupos musicais e palestras.  Neste dia começou o bloqueio àMonsanto, no portão de entrada da fábrica.

Na semana do acampamento, um grupo daUnião Operária da Construção da República Argentina (Uocra)amedrontou os membros da assembleia. Na segunda-feira, 30 de setembro, a polícia de Córdoba reprimiu o acampamento e tentou liberar a passagem.Sofía Gatica(dasMães de Ituzaingó) foi espancada e hospitalizada e outras duas militantes fora detidas. O bloqueio continuou.

No dia 8 de outubro, houve uma mobilização massiva na capital de Córdoba, através da qual se denunciou a “emergência ambiental” da província. Entre os motivos da marcha estava a rejeição àMonsanto, aos altos índices de desmatamento e a emergência hídrica.

AMonsantoanunciou a suspensão da obra, mas há três dias tentou avançar com caminhões por uma nova entrada (pela parte de trás da área de 30 hectares). Os membros da assembleia também fecharam esta passagem.

Para cada bloqueio, a empresa respondeu com a abertura de um novo portão. Os membros da assembleia de Córdoba fecharam o trânsito e as cinco entradas do prédio. E, na segunda-feira passada, aMonsantoanunciou àUocraque suspenderia as atividades até as eleições.

Gastón Mazzalay, daMalvinas Luta Pela Vida, destacou os aspectos positivos de se ter freado a construção da obra e alertou sobre o que poderia acontecer depois de domingo. “Reprimir esta semana teria um custo político alto. Mas, com certeza voltarão a mandar a polícia para reprimir os moradores e para proteger a empresa”, afirmou.Mazzalaylembrou que a instalação da Monsantoé “ilegal” devido à “fraudulenta” autorização da Secretaria do Meio Ambiente, e porque não se cumpriu a Legislação Geral do Meio Ambiente(25.675), que determina estudos de impacto ambiental assim como uma audiência pública prévia à instalação de fábricas como esta daMonsanto. Em Córdoba não foram cumpridos nenhum dos requisitos.

AMonsantoé a maior corporação agrícola do mundo. Domina 27% do mercado de sementes (transgênicas e convencionais) e 86% do mercado de transgênicos. Em junho de 2012, conseguiu a aprovação doMinistério da Agricultura, para uma nova semente de soja transgênica (“Intacta RR2”), o que estimula uma nova lei de sementes.

No fim de semana passado, a empresa de consultoriaSicchar divulgou uma pesquisa de opinião eleitoral feita em Córdoba, realizada com 1.000 entrevistados (400 na capital e 600 no interior da Província). Interrogou sobre as obras públicas, a educação, o serviço de energia elétrica, as ações da polícia, a intenção de voto e, como novidade, duas perguntar referentes à maior empresa de agronegócios do mundo. “Vocês concorda ou discorda da instalação daMonsantonas Malvinas Argentinas?” 63,2% se posicionaram contra e 19,3 a favor; 6,9 eram indiferentes e 10,5 não se posicionaram ou não responderam.

“Você concorda ou discorda com os moradores que protestam contra a instalação da Monsanto?” 66,8 % afirmaram estar de acordo com os moradores que rejeitam a multinacional. Os outros 33,8% foram contra, 3,1% se mostraram indiferentes e 2,3% se abstiveram.

À nova pesquisa soma-se outra, divulgada em abril deste ano, realizada por sete pesquisadores daUniversidade Nacional de Córdoba, daUniversidade Católica e do Conicet. O levantamento foi realizado apenas nas Malvinas Argentinas. Nove em cada dez (87%) se mostraram a favor da realização de uma consulta popular na localidade e 58% explicitaram sua rejeição à instalação daMonsanto.

Na segunda-feira passada, em frente aoCongresso Nacional, as assembleias de Buenos Aires começaram um acampamento, por tempo indeterminado, em apoio aos seus colegas de Córdoba. E hoje, em Córdoba, haverá uma mobilização contra a instalação da Monsanto.