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Bancos demitem 10 mil e jornal diz que é busca de ‘eficiência’

Mesma notícia em veículos diferentes mostra a serviço de quem estão os meios de comunicação no Brasil

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Algumas horas separam as duas matérias que embasam esta análise. A primeira foi publicada pela RBA, com base em estudo divulgado pela Contraf-CUT, e traz a análise dos sindicatos sobre o fechamento de 10 mil postos de trabalho pelos bancos, o setor que vem mantendo seus lucros astronômicos em qualquer período.

No ano passado, o Bradesco segundo maior banco privado do país, registrou um lucro líquido de R$ 17,180 bilhões, um crescimento de 13,9% em relação a 2014. Já o Santander, o terceiro maior banco privado do país, fechou 2015 com lucro líquido de R$ 6,624 bilhões, o que representa um crescimento de 13,2% e um quinto do lucro mundial da instituição espanhola.

Mesmo assim, foram eliminados 10 mil postos de trabalho que, somados à rotatividade para redução de salário, mostram que o setor financeiro é um sócio predador da crise econômica do país.

A segunda matéria foi capa do jornal Valor Econômico, com foco em notícias do mercado, voltadas ao meio empresarial, investidores, especuladores e bancos que tentam influenciar a mentalidade de seus leitores para o mundo dos negócios. Um assunto espinhoso para os trabalhadores foi tratado com a linguagem da busca de eficiência, redução de custos e aumento de lucros. A matéria desvia o assunto do cruel ajuste dos bancos e dá-lhe um verniz de normalidade e inteligência.

A RBA fez uma análise do ponto de vista da democracia e da necessidade de uma política socioeconômica inclusiva como alavanca do desenvolvimento. Já o Valor faz uma análise neoliberal, de colocar o lucro acima das pessoas. No caso dos bancos também da exacerbada acumulação de riquezas de poucos, em oposição a um capitalismo menos concentrado.

Todos os jornais impressos, de rádio e televisivos fazem narrativas semelhantes à do Valor Econômico, até porque há uma articulação única de pensamento a favor do mercado, o que leva muitos trabalhadores a assimilar e reproduzir a mesma ideologia. Mas a comunicação na internet vem criando plataformas substitutivas aos veículos neoliberais.

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