Dignidade

Dia do Trabalhador: o ser humano não pode ficar à deriva de sua fragilidade

O trabalho é o que existe de mais digno, ele deve produzir senso de realização, como defendia Jesus

Arquivo ABr
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"É o trabalhador (a) que sustenta a sua dignidade, pois, esta não lhe é um favor, mas um valor intrínseco."

Jesus fala que o ser humano não pode ficar à deriva de sua fragilidade. Entre outras medidas isso passa por acesso a trabalho e salário dignos. Considerando o trabalho, a partir dessa perspectiva, gostaria de pensar com você…

Deus é um (a) trabalhador (a)

A Bíblia começa com o trabalho de Deus, e o seu respectivo descanso. Deus trabalha, logo, o trabalho é o que existe de mais digno. Deus descansa, logo, o mérito do trabalhador é indiscutível, o (a) trabalhador (a) é maior do que o seu trabalho – o trabalho é para o trabalhador (a), não o contrário.

O trabalho deve produzir senso de realização ao trabalhador (a), isto é, o (a) trabalhador (a) deve trabalhar de forma a se realizar no que faz, o trabalho deve ser algo em que o (a) trabalhador (a) se realiza. A Trindade não só gostou do que fez, como fez o que gostou de fazer. O trabalhador (a) deve realizar o trabalho tanto quanto o trabalho deve realizar o trabalhador (a).

Salário

O (a) trabalhador (a) é quem, na escritura, estabelece a sua remuneração. Cabe ao trabalhador (a) estabelecer o valor do seu trabalho. É o trabalhador (a) que sustenta a sua dignidade, pois, esta não lhe é um favor, mas um valor intrínseco. O salário não pode ser estabelecido a partir do que se entende por Mais Valia, mas, pelo que se poderia chamar de Mais Valor do Trabalhador (a) e do Trabalho. O trabalho deve proporcionar o ganho necessário para a sustentação da dignidade do/a trabalhador (a) e para o seu desenvolvimento econômico.

Labão, sogro de Jacó, que trabalhou catorze anos para o sogro, irritou-se com Jacó porque Deus fez Jacó lucrar com o seu trabalho. O trabalhador tem de participar do lucro. A Bíblia não concebe uma sociedade injusta, onde o trabalhador (a) não desfruta do resultado de seu trabalho. O (A) trabalhador (a), para além do salário, tem direito a participar do resultado de todo o processo que tornou possível a produção do bem, isto é, de tudo o que tal movimento produziu.

Além do que, na Bíblia, o salário não é moeda de especulação. A Bíblia classifica como sagrada a paga do trabalhador, a tempo e a hora, de modo que ele seja o privilegiado na administração de qualquer negócio.

A Bíblia defende que o (a) trabalhador (a) deve ser o primeiro a desfrutar do resultado de seu trabalho. Isto é, o trabalho não é para o ganho do patrão mas para o sustento do/a trabalhador (a); logo, não pode haver patrão, mas, administrador (a), que será, por definição, mais um trabalhador (a). Isto significa, portanto, que a indústria deve ser do conjunto de trabalhadores.

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O trabalho tem uma função social. O trabalho é para enriquecer a sociedade. O contrário de roubar, no NT, é trabalhar em função do progresso de todos. Logo, o empreendedorismo que a Bíblia apoia é o chamado de empreendedorismo social. A Bíblia estimula a busca pelo progresso da comunidade. É o modelo que vemos na primeira igreja em Jerusalém. Que é uma igreja que enfrentou a pobreza, transformando todos em trabalhadores, cujo trabalho era para o bem de todos.

RBA

Frente de Evangélicos pelo estado de direito