O Legislativo, o Judiciário, a elite econômica, o golpe e o desgoverno. Por Ariovaldo Ramos
Ninguém indenizará o povo trabalhador brasileiro por amargar perdas decorrentes do golpe. Nem o povo brasileiro por ter de enterrar tantos entes queridos
Publicado 17/04/2021 - 09h26
Há alguns anos, uma amiga jornalista foi convidada para fazer uma reportagem intitulada “A guerra dos Estados Unidos da América contra a República Federativa do Brasil”. A rede teve o cuidado de tirar minha amiga do Brasil e transferi-la para a Europa, para garantir sua segurança. Infelizmente, por motivos alheios à vontade dos promotores o projeto não pode ser realizado. Hoje, contudo, vejo que a proposta era correta, uma guerra estava sendo travada e nós nem nos demos conta. Porém, os resultados estão aí. Golpe de Estado, fim da soberania nacional, debacle econômico e social, eleições suspeitas, prisão política, desgoverno, desemprego, fome e genocídio.
O pior é que os principais agentes dessa guerra eram internos: legislativo, lava-jato, judiciário, elite econômica, sistema financeiro e o desgoverno sem partido. O Brasil que foi atacado foi o Brasil dos trabalhadores e trabalhadoras, que se tornara potência social e econômica. Finalmente, o TCU reconheceu que houve golpe, pois a ex-presidenta é inocente da acusação de irresponsabilidade na compra da refinaria de Pasadena. E também finalmente, o STF reconheceu que o julgamento do ex-Presidente Lula é sem valor, porque foi levado a efeito por tribunal incompetente e por juiz suspeito. E finalmente ainda, o desgoverno será investigado por incompetência no gerenciamento da pandemia, que já nos custou mais de 350 mil vidas.
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O fato, entretanto, é que ninguém indenizará a ex-presidenta Dilma pelo golpe sofrido e por tudo o que isso produziu. Ninguém indenizará o ex-presidente Lula por 580 dias de prisão e por tudo que isso lhe acarretou, fruto de inúmeras injustiças. E ninguém indenizará o povo trabalhador brasileiro por amargar perdas de condições sociais e econômicas, por ter de re-encarar o desemprego, a perda de moradia, a fome. Ninguém indenizará o povo brasileiro por ter de enterrar tantos entes queridos.
Por isso, estranho essa conversa de polarização: que acordo pode haver entre os traidores e os traídos, entre os assassinos e os assassinados?