Ariovaldo Ramos

Independência ou morte ou morte da independência? Para onde vamos?

Povos originários são dizimados. A fome voltou. A população em situação de rua explode. Na pandemia, o povo foi entregue à sua própria sorte. Independência?

Reprodução/PRF
Reprodução/PRF

Há quanto tempo não se ouve isso… é a comemoração da Independência do Brasil, do Grito do Ipiranga. A bem da verdade, muitos de nós estão não aguentamos mais o uso e abuso do verde e amarelo, numa evocação de um pseudo-patriotismo proto-fascista. Além do mais, seria melhor comemorar a data de 2 de julho, quando os baianos expulsaram as tropas portuguesas do território brasileiro.

Mas o mais grave é que se está abusando do tema patriotismo. Justamente, numa época que assistimos, cada vez mais, ao inverso do grito atribuído ao príncipe regente: em vez de independência ou morte, a morte da independência.

Os interesses do mercado ditam o aumento de preços e a escassez dos gêneros de primeira necessidade no prato do povo, vide o arroz; a soberania nacional foi afogada no Atlântico, o parque industrial faliu, nosso patrimônio foi vendido a preço de banana, que, também, já está cara; a subserviência brasileira à geopolítica estadunidense que causa vergonha e asco; a destruição do meio-ambiente em favor de um agro-negócio voraz e envenenador; a precarização do trabalho e a destituição dos direitos trabalhistas.

Brasil não é mais do povo brasileiro

Ao contrário, os povos originários e os quilombolas estão sendo dizimados, assim como as suas terras. A fome voltou. Aumentou exponencialmente a população em situação de rua. O sistema educacional foi dilapidado. E, na pandemia, o povo foi entregue à sua própria sorte!

Como a gente consegue, assim, comemorar a Independência do Brasil? Que independência?

Quem sabe, se as forças de esquerda, finalmente, entenderem que estamos num regime de exceção e partirem para o enfrentamento em bloco, possamos voltar a ter uma independência para comemorar, e o povo brasileiro voltará a ter um país que possa chamar de seu.

ariovaldo ramos

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