Emir Sader

Lula e Marisa Letícia: dois trabalhadores do Brasil

A vida deles é a trajetória extraordinária de como dois trabalhadores se projetaram para a vida política da forma mais formidável que dois seres podem viver. Numa história que mudou o Brasil

AGPT/REPRODUÇÃO

Nessas mais de três décadas, juntos, Marisa e Lula protagonizaram a maior transformação da historia do Brasil

Naquele sindicato eles se conheceram. Não poderia haver lugar mais significativo. Parecia já apontar para um futuro que mudaria o destino do Brasil.

Ali eles viveram, juntos, o desempenho extraordinário dele como um líder sindical que teve papel fundamental em quebrar a política central de arrocho salarial da ditadura e, depois, quebrar a própria ditadura como regime.

Do encontro ao namoro, dali ao casamento, paralelamente aos acontecimentos que o projetaram de líder sindical a dirigente político, de candidato a presidente da República.

Os dois trabalhadores do ABC passaram morar na casa reservada ao presidente da República. E a viver no Brasil.

Nada mudou entre eles. Juntos, ela discretamente sempre ao lado dele, ele projetado a melhor presidente da história da república do Brasil, alçado a líder mundial na luta contra a fome.

Em mais de quatro décadas, juntos, eles protagonizaram a maior transformação da história do país, antes de tudo para trabalhadores como eles, mas para todos os brasileiros.

Nunca um amor pessoal viveu de maneira tão paralela ao amor pelo Brasil de dois trabalhadores brasileiros.

No último sábado (4), Lula voltou ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, pela primeira sem sua companheira viva, para acompanhá-la na sua última visita à entidade que os uniu. Ao lado de todos os companheiros de luta que estiveram com eles ao longo do tempo, mais os que estiveram no governo com ele.

Na mesma cidade onde sempre viveram, no mesmo apartamento de antes que ele fosse presidente do Brasil.

Os dois se encontraram trabalhadores. A vida deles é a trajetória extraordinária de como dois trabalhadores se projetaram para a vida política da forma mais formidável que dois seres podem viver.

Foram perseguidos quando eram trabalhadores ligados aos metalúrgicos. Ele foi preso, ela foi visitá-lo no Dops.

Seguem perseguidos ainda hoje, agora não por serem simplesmente trabalhadores, mas porque os governos chefiados por ele defenderam os interesses dos trabalhadores, de todo o povo brasileiro, do Brasil como nação.

Não os perdoaram, porque ele teve sucesso onde os presidentes Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso fracassaram.

Por isso passaram a perseguir aos dois e a seus filhos, invadiram a casa deles, reviraram tudo, levaram coisas, quiseram prendê-lo.

Tiveram que recuar, mas deixaram sequelas. Ninguém sofre tamanha violência contra sua casa, seus filhos, seu companheiro de vida, sem que fiquem marcas profundas.

São dois trabalhadores brasileiros – os mais importantes da história da classe trabalhadora brasileira – cujo último capítulo não está escrito. Lula está firme e forte, apesar de todo o sofrimento. Sua Galega querida o acompanhará sempre, na sua luta como trabalhador, como nordestino, como brasileiro, como o líder mais popular da história deste país.