consciência política

Rui Falcão diz que tentativa de derrubar Dilma obedece a nova tática no continente

Em artigo, o presidente do PT lembra que o governo precisa ter iniciativas econômicas e ações políticas para romper o cerco, e diz que nomeação de Lula teve objetivo de garantir estabilidade

agência pt/divulgação

Rui Falcão: ‘É necessário prosseguir com as mobilizações. Antes e depois do dia 31 de março’

São Paulo – Em artigo publicado hoje (21) no site do partido, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, afirma que a tentativa de derrubar a presidenta Dilma Rousseff obedece a uma nova “tática”, a do golpe “constitucional”, utilizada em toda a América do Sul. “Diferentemente de outros períodos, em que os militares derrubaram governos populares, a tática atual, coordenada em todo o Continente, é o chamado golpe ‘constitucional’, em sintonia com setores do aparelho de Estado e apoiado pela grande mídia”, escreveu.

Embora Falcão não tenha citado, o principal emblema do que ele chama de nova tática se deu no Paraguai, em junho de 2012. O ex-presidente Fernando Lugo foi derrubado após um processo de impeachment sumário realizado de acordo com argumentos retirados da Constituição do país. Na época, o jornalista Ricardo Kotscho escreveu que se tratava de “um processo jurídico-midiático-parlamentar relâmpago que derrubou o presidente Fernando Lugo, democraticamente eleito”.

O presidente do PT também não exime o governo de responsabilidade: “O nosso governo precisa ter iniciativas no plano econômico e ações politicas para romper o cerco em torno dele”, diz.

Segundo Rui Falcão, o sentido da nomeação do ex-presidente Lula como ministro-chefe da Casa Civil foi garantir a estabilidade e retomar o crescimento da economia.

Ele acusa os “comentaristas do ‘quanto pior, melhor’ de preferirem valorizar a marcha do dia 13 (anti-Dilma), uma manifestação contra tudo e todos, que agrediu inclusive muitos que patrocinaram e participaram do evento, do que as manifestações do dia 18″. Falcão afirmou que os atos do dia 13 demonstraram tratar-se de “um movimento assemelhado ao fascismo”.

Leia a íntegra:

Mais de um milhão de pessoas saiu às ruas no último dia 18, em defesa da democracia, da legalidade, contra o golpe jurídico-politico-midiático em andamento. Os comentaristas do quanto pior melhor preferem valorizar a marcha do dia 13, uma manifestação contra tudo e todos, que agrediu inclusive muitos que patrocinaram e participaram do evento.

O que se viu e ouviu naquele dia foi uma repulsa aos políticos e, pior ainda, à própria política, um movimento assemelhado ao fascismo.

Pior, a multidão foi insuflada pela mídia monopolizada, que instiga a intolerância, o ódio e a violência – -como registrou a ampla cobertura, em contraste com o ato da sexta-feira, quando o discurso do Lula foi boicotado nas transmissões de TVs.

A ofensiva golpista não hesita em criar o caos no País para alcançar seu grande objetivo: depor a presidenta Dilma e assumir o governo sem eleições.

Diferentemente de outros períodos, em que os militares derrubaram governos populares, a tática atual, coordenada em todo o Continente, é o chamado golpe “constitucional”, em sintonia com setores do aparelho de Estado e apoiado pela grande mídia.

Ao contrário do que proclamam, quem garante a estabilidade e pode retomar o crescimento da economia é o governo Dilma. Foi este o sentido da nomeação do ex-presidente Lula como ministro-chefe da Casa Civil, para ajudar a presidenta e o País, cuja investidura não pode ser barrada por chicanas jurídicas e grampos ilegais.

É preciso que todos saibam: casuísmos e soluções artificiais, como as que são urdidas pelos golpistas, só acentuarão a crise, tanto no plano econômico, como no sistema político.

Como bem assinalou o sociólogo Gabriel Cohn em entrevista recente, “não vai mais que um passo” entre o que ocorre hoje “e regimes autoritários, que não precisam ter feição ‘fascista’ ou assemelhada, mas podem muito bem se ocultar sob o manto de uma democracia representativa com Legislativo conservador, partidos fracos, porosidade ao poder econômico e Judiciário centrado em funções repressivas. O Brasil está a beira disso, e a tarefa mais urgente é conter essa tendência”.

Para contê-la, é necessário prosseguir com as mobilizações, antes e depois do dia31 de março, com o esclarecimento da população – que pode perder conquistas e direitos.

Também o nosso governo precisa ter iniciativas no plano econômico e ações politicas para romper o cerco em torno dele. Afinal, não é possível que emissoras de rádio e TV, concessões de serviço público, continuem, à margem da lei, propagando e organizando o golpe.

Queremos a paz, o diálogo, a concórdia e a tolerância entre todos os brasileiros (as). Mas, contra o golpe e em defesa da democracia, petista não foge à luta.