fórum de comandatuba

Em ninho tucano, Cunha frustra plano golpista

Presidente da Câmara dos Deputados afirma, em evento empresarial, afirma que não vê fundamento para pedido de impeachment

marcelo camargo/arquivo abr

Cunha: “O que chamam de pedalada eu acho que é uma má prática das contas públicas”

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), frustrou ontem (18) a manobra de parte do PSDB, capitaneada pelo senador Aécio Neves (PSDB), pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff com base nas chamadas pedaladas fiscais. “A minha opinião é que isso se trata do mandato anterior e, como se trata do mandato anterior, eu não vejo como pode resultar numa responsabilidade do atual mandato”, declarou Cunha, em pleno Fórum de Comandatuba, iniciativa do golpista assumido João Doria Jr, idealizador do Lide, uma espécie liga de empresários pelo reforço das teses liberais.

“Eu sinceramente não vejo isso no mandato passado para sustentar um pedido de impeachment”, reforçou Cunha, que foi uma das estrelas do encontro, que neste ano esteve particularmente recheado de oposicionistas. O único ministro a participar da etapa foi Henrique Eduardo Alves (Turismo), que concordou com Cunha. “Não acredito no impeachment. Não há nada que se configure nesse sentido”, afirmou.

Cunha disse, no entanto, que vai analisar qualquer pedido que chegue ao Congresso – uma vez que cabe ao presidente da Câmara autorizar o desenrolar desses processos. “O que chamam de pedalada eu acho que é uma má prática das contas públicas, de adiar pagamentos para fazer superávits primários que não correspondem à realidade. Isso vem sendo praticado ao longo dos últimos dez a 15 anos e não tinha nenhuma punição”, contemporizou.

Golpe

João Doria Jr. é um reconhecido adversário dos governos petistas. Em 2007, foi um dos líderes do movimento ‘Cansei’, apontado pela OAB como ‘golpismo paulista’. No final de março, o presidente do Lide levantou a bandeira pelo ‘Fora Dilma’. Em artigo, ele, que promove encontros entre empresários e ministros, fala em cirurgia rápida para tirar Dilma do poder antes que seja tarde: “O ciclo do lulopetismo se exauriu e a presidente da República isolou-se da esfera política, administrando o país sem ouvir a sociedade”.