Craque é craque

Argentina 1 x 0 Irã: Messi salva jogo apagado com golaço no final

Argentina sofre contra a retranca iraniana, em mais uma jornada fraca de seu estrelado setor ofensivo. Mas quem tem craque sempre tem chance

Ballesteros/EFE

É repetitivo, mas não tem muito o que fazer: Messi foi a melhor coisa da Argentina hoje

O jogo caminhava para um empate em 0 a 0, para desespero da grande torcida argentina presente no Mineirão. E quando ninguém esperava mais nada, iranianos e brasileiros comemorando o pontinho suado, apareceu o craque: bola ali perto da ponta direita, ele cortou para dentro, tirou um zagueiro e bateu uma bola de curva que morreu no canto direito de Haghighi. Mais um golaço isolado de Messi no deserto de ideias que foi o ataque dos hermanos durante a partida.

Não que tenham faltado chances para os atacantes desenvolverem seu futebol. O Irã entrou numa retranca que abdicou quase o tempo todo da bola: no primeiro tempo, foram 76% de posse para a Argentina. Mas o ataque desentrosado, com jogadores distantes um do outro, não conseguiu furar o bloqueio.

O Irã vem fechado em copas em torno de sua área, com especial atenção ao camisa 10 argentino, como não poderia deixar de ser. O muro fecha principalmente a entrada da área, deixando aos hermanos as jogadas pelos lados.

E são de cabeça as melhores chances. Aos 23, escanteio batido por Di María, Rojo cabeceou e a bola passou raspando a trava esquerda de Haghighi. E aos 35, o zagueiro Fernandes cabeceou sozinho em cobrança de falta de Messi.

Os cruzamentos são menos uma opção argentina e mais uma aceitação da proposta de jogo do Irã. Fruto da falta de proximidade e tabelas entre os atacantes: Di María e Agüero vieram um pouco melhor do que na estreia, mas ainda erram muito. Ninguém no entanto supera as falhas de Higuaín, totalmente fora do jogo. Muito marcado, Messi tentou circular mais pelo ataque, deixando em alguns momentos a posição de enganche pelo centro para cair na ponta direita. De todo jeito, seguiu isolado, marcado e sem resolver muito.

A exceção aconteceu aos 21, quando bela trama entre Di María, Agüero e Higuaín terminou com um chute colocado do camisa 20, defendido por Haghighi.

O Irã levava algum perigo apenas em bolas paradas, como aos 41, quando Dejagah cobrou escanteio pela direita e Hosseini cabeceou por cima. E esse foi o primeiro tempo, de domínio quase absoluto e totalmente estéril da Argentina.

Pressão iraniana

O segundo tempo começou com um cenário ainda mais surreal para os torcedores argentinos – e animador para os iranianos e secadores brasileiros em Belo Horizonte. Animado pelo bom efeito de sua estratégia na primeira etapa, o time do técnico Carlos Queiroz começou a, com o perdão do clichê, gostar do jogo. E aos 5 minutos do segundo tempo, um contra-ataque rápido pela direita levou à melhor chance do jogo até então: cruzamento de Montazeri e cabeçada de Ghoochannehjad (que a Fifa achou melhor chamar pelo prenome Reza na camisa) para difícil defesa de Romero.

Na sequência, outro contra-ataque, Dejagah invadiu a área e dividiu com Zabaleta. Os iranianos pediram pênalti, mas o juiz não viu nada. A sequência levantou a torcida iraniana e animou o time, que começou a ir mais à frente.

Pouco depois, o camisa 3 Hajsafi bateu de fora da área, a bola desviou na zaga e foi para escanteio. Na cobrança, a bola caiu num bate-rebate na pequena área de Romero até que Fernandes conseguiu cortar. A última da sequência de estocadas do time da Pérsia se deu aos 20 minutos, quando foi a vez de Dejagah finalizar de cabeça para defesa de Romero.

A sequência ajudou a chamar atenção para a fragilidade da defesa argentina. O Irã atacava com poucos jogadores, mas conseguiu criar diversas (e melhores) chances de gol. Pensem agora se o costarriquenho Joel Campbell se mudasse para o Oriente Médio…

Depois desse período, o jogo voltou a sua normalidade: Argentina tenta, Irã se defende. E voltou também a aflição do time de azul e branco para criar jogadas. O técnico Alejandro Sabella decidiu mexer, trocando Higuaín por Palacio e Agüero por Lavezzi, mas não mudou muita coisa. Cada jogador que pegava a bola se via isolado em seu setor, cercado de camisas vermelhas e sem um companheiro para desafogar. O Irã ainda teve uma grande chance aos 42 minutos: passe de Jahanbakhsh e uma bela finalização de camisa 16 Reza.

Mas foi só. Quer dizer, até o gol salvador de Messi. O time argentino segue mostrando seus problemas na segunda partida: ataque desentrosado e sem muita articulação e uma defesa frágil, que sofreu horrores com o ataque do Irã. E só três coisas serão lembradas desse jogo: as chances de gol do Irã, a falta de criatividade argentina e o gol.