Vai melhorar?

Análise: o problema da seleção no meio e nas laterais

O lado “bom” (assim, entre aspas) da partida contra o México é o fato de a equipe ter atletas com técnica e habilidade para criar oportunidades de gol mesmo jogando mal

Jefferson Bernardes/VIPCOMM

O Brasil não apresentou evolução em relação à partida contra a Croácia. Isso é preocupante

Felipão tinha um problema. Hulk foi poupado (ou não podia jogar) e não tinha um substituto para exercer suas mesmas funções. Ramires não tem o mesmo potencial ofensivo e Bernard não compõe o meio de campo como o atacante do Zenit. Na partida, cada um dos reservas jogou um tempo, e o Brasil teve características distintas em cada período também por conta disso (mas não por isso).

A equipe brasileira tinha muitas dificuldades para chegar à área do México no primeiro tempo. No segundo, se aproximou mais no início, mas logo ficou notório um dos efeitos da mudança do técnico. O meio de campo foi dominado pela seleção mexicana durante boa parte do tempo, e os chutes de longa distância, uma arma habitual do país da Concacaf, começaram a aparecer.

No entanto, não foi só a alteração do comandante a responsável pelo domínio que os mexicanos exerceram em alguns momentos. Mais uma vez, a inoperância dos meias brasileiros saltou aos olhos, não havendo qualquer evolução aparente em relação à estreia. Paulinho perdeu uma oportunidade na grande área, o que já havia acontecido no jogo contra a Croácia, mas de resto foi mal tanto no apoio como na marcação, assim como na cobertura do avanço dos laterais.

Esta é uma questão não resolvida por Felipão. O time possui laterais que apoiam muito, nem sempre com eficiência, e não conta com jogadores que ocupem seus espaços na intermediária. Oscar também não foi bem na criação de jogadas ofensivas, e a entrada de Willian não surtiu o efeito esperado pelo técnico e por parte da mídia esportiva (ainda que ele tenha tido pouco tempo para atuar).

O lado “bom” (assim, entre aspas) é o fato de a equipe ter algumas boas jogadas de bola parada e atletas com técnica e habilidade para criar oportunidades de gol mesmo quando a equipe não consegue desenvolver um bom jogo coletivamente. E, atrás, a dupla de zaga também tem qualidade até para resolver alguns lances no “mano a mano”.

Só não é prudente apostar nas individualidades tanto para resolver quanto evitar perder jogos. É muito pouco, além de arriscado demais. A partida com Camarões pode ser a oportunidade de Felipão testar formações e táticas que consigam suprir as deficiências das duas partidas anteriores. O Brasil não é o mesmo da Copa das Confederações, e muito por que alguns jogadores já não atuam como naquela época, como Paulinho e Daniel Alves. Não se pode comprometer um trabalho em função de lealdade a um outro atleta. Mas esse discernimento, Felipão, que acompanha os treinos e sabe das avaliações e condições físicas dos reservas, deve ter. Espera-se que tenha.