A velha mídia acusa o golpe

O colunista Marcos Guterman do jornal O Estado de S. Paulo, encontrou um jeito fácil  de contestar o livro  “Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Júnior, e ainda agradar o […]

O colunista Marcos Guterman do jornal O Estado de S. Paulo, encontrou um jeito fácil  de contestar o livro  “Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Júnior, e ainda agradar o PSDB: “É marketing”, afirma. O texto do jornalista, ao tentar desclassificar o livro e explicar o inexplicável, mostra  claramente a posição do jornal e também do jornalista., quando acusa a revista CartaCapital, de ter recebido  o  livro por ser  alinhada ao governo. Guterman esquece, porém, que manteve silêncio sobre o  editorial publicado pelo jornal em 2010, apoiando publicamente o candidato à presidência da República José Serra (PSDB-SP). 

Guterman argumenta que “não recebeu o livro do Amaury”. E mesmo que tivesse recebido, precisaria de pelo menos uma semana de leitura, para  incluir verificação de dados e informações para enriquecer sua  crítica. Coisa que, convenhamos, contra o PT é completamente desnecessário.

Todos nós sabemos que não é esse o comportamento da “grande” (ou velha) imprensa, que acusa sem provas, baseada apenas em suposições, sem sequer ouvir o outro lado. Ou será que alguém já esqueceu do ministro  que caiu quando um ex-presidiário disse ter em seu poder um vídeo, que ninguém nunca viu, mas foi matéria na Veja, no Estadão, Folha de S. Paulo e no “Jornal Nacional”, só para citar alguns.

As perguntas que não querem calar são: o colunista não leu o livro, mas afirma que se trata de marketing? Não leu e não gostou, mas criticou o conteúdo do “Privataria Tucana”?

Quanto ao argumento do colunista, de que velha mídia faz silêncio por não conhecer o conteúdo da publicação, é no mínimo querer subestimar a inteligência dos leitores.

Enquanto denúncias de criminosos condenados pela Justiça são manchete, jornalista ganhador de dois prêmios prêmios Esso e três Vladimir Herzog não merece ser entrevistado pelo jornal O Estadode S. Paulo?

E a Veja, que sempre serviu de fonte confiável para a oposição e a imprensa, não serve no caso contra tucanos? Ora, a  revista Veja, em sua edição 1.750, de 09/05/2002, (foto) publicou 10 páginas de “fogo amigo” denunciando propinas e desvios em privatizações de estatais durante o governo FHC. Estão lá os mesmos nomes que constam no livro de Amaury: Ricardo Sérgio e José Serra.

 A  Veja  desta semana não teve como desmentir a própria publicação e tratou de colocar uma reportagem de capa acusando – sem provas – petistas de falsificação de documentos, no caso conhecido como “Lista de Furnas”, numa tentativa de incriminar adversários. Além de sair em defesa de José Serra, dá sinais de que acusou o golpe e deixa evidente que trata-se de uma reação ao “Privataria Tucana”.

 Privataria é lixo

 O Estadão abriu espaço para o  principal envolvido nas acusações de Ribeiro Jr, o tucano José Serra, se defender: “É lixo, lixo”, criticou… É muito pouco para explicar o tamanho da corrupção apontado nas mais de 300 páginas do livro.

Para  a imprensa que tem se mostrado  tão combativa contra a corrupção, que tem se declarado a favor da faxina, não ter tido o trabalho de entrevistar Amaury Ribeiro, e ainda  calar-se diante de graves acusações, soa no mínimo incoerente ou  conivente,   com os “malfeitos” do  partido de oposição e seus políticos.

Sugiro  ao colunista Guterman,  enquanto espera ser presenteado com um exemplar de “Privataria tucana”, que leia a obra de Aloysio Biondi publicado no ano 2000, O Brasil Privatizado – Um Balanço do Desmonte do Estado, em que um minucioso trabalho de apuração demonstra quanto o governo tucano gastou e quanto obteve com a venda das estatais.

O cálculo cuidadoso mostra que o discurso da equipe econômica de Fernando Henrique Cardoso escondia o fato de que R$ 87,6 bilhões não entraram ou saíram dos cofres públicos nesse processo. Isso precisava ser descontado do saldo. “O balanço geral mostra que o Brasil ‘torrou’ suas estatais, e não houve redução alguma na dívida interna, até o final do ano passado (1998)”, escreveu o jornalista. O livro foi um campeão de tiragem: mais de 130 mil cópias.