Estatísticas

Os mais-mais da primeira fase

Números das 32 seleções que disputaram a primeira fase da Copa mostram (e escondem) méritos e virtudes

Marcello Casal Jr./Agência Brasil CC-BY 3.0

Colômbia, de James Rodríguez, tem segundo melhor ataque e segunda melhor campanha. E ainda bate menos do que a Holanda.

Estatística não é tudo. Por vezes, esconde o essencial. Mas em alguns casos, surpreende. Na primeira fase da Copa, os dados por seleção mostram aspectos interessantes que fogem à primeira olhadela do observador desatento. Se seleção da Argentina não encanta, à exceção de Messi, pelo menos faz pouca falta. Se a da Holanda é um espanto, saiba que ela bate mais do que ninguém.

Quem chuta mais marca mais gols. O fundamento do toque de bola que, segundo uma certa vinheta de uma emissora de TV, é “nossa maior tradição“, não garantiu classificação a quase ninguém, vide Espanha.

Na comparação com a Copa 2010, os principais quesitos são favoráveis a 2014. São 2,8 gols de média, contra 2,3 de quatro anos atrás. São 0,2 cartões vermelhos e 2,7 amarelos, contra 0,3 e 3.8, respectivamente. Há 384 passes por partida, frente 353 da África do Sul. A exceção é a média de bola em jogo: 55,5 neste ano e 69,8 em 2010.

Aos dados.

Violência faz mal para a classificação

Na lista das seleções mais vezes advertidas com cartões amarelos, estão:

1) Costa do Marfim, com sete cartões amarelos

2) Coreia do Sul, Austrália, Honduras, Gana e Uruguai, com seis

Nenhum classificado aí.

Quando o cartão exibido foi o vermelho, aparecem as seguintes equipes na lista:

1) Portugal, Itália, Croácia, Camarões, Uruguai, Bélgica, Equador, Honduras e Grécia

Apenas belgas e helenos estão nas oitavas. Detalhe: nenhuma seleção teve mais do que um expulso.

 

Falta muito ou falta pouco

No quesito faltosos, os dois primeiros até surpreendem:

1) Holanda, com 68 faltas cometidas

2) Costa Rica, com 59 faltas cometidas

3) Uruguai, com 57 faltas cometidas

A Holanda é o futebol mais elogiado da Copa, pelo talento e qualidade. Mas também bate. E cometeu dois pênaltis. Idem para Costa Rica, benquista até por muita gente que não viu mas gostou.

Entre os menos faltosos, mais surpresa:

1) Argentina, com 24 faltas cometidas

2) Alemanha e Espanha, com 28 faltas cometidas

3) França, com 35 faltas cometidas

Argentina menos faltosa? Cadê a catimba tradicional dos hermanos? Acabaram com a falta-arte. Onde foi parar a tradição de Simeone e cia?

Para os “caçados”, a lista é liderada por quem menos se esperava:

1) Grécia, vítima de 61 faltas

2) Chile, alvo de 54 faltas

3) Brasil, parado com 51 faltas

Explicar por que os helenos apanharam tanto é até difícil. Provavelmente, fruto de partidas mais truncadas, menos corridas, especialmente contra Japão (24 faltas) e Costa do Marfim (23 faltas). Para o segundo e terceiro colocados, vai ter gente colocando a culpa do cai-cai de Valdívia e Neymar. Mas a Holanda é responsável pela maior parte das infrações contra La Roja (25).

 

Não passarão

Mário Quintana escreveu para “todos estes que aí estão, atravancando o meu caminho: Eles passarão. Eu passarinho!”

Na Copa, apenas quatro das dez maiores passadoras de bola se classificaram. O curioso é que a Espanha, rainha do tiki-taka, foi superada em 49 passes pela Alemanha. Em 2010, os seguidores de Vicente Del Bosque eram imbatíveis. Aliás, esse é apenas um dos quesitos em que a Fúria era imbatível. Não é mais.

À lista (as eliminadas têm asterisco ):

  1. 1) Alemanha, 2.120 passes
  2. 2) Espanha*, 2.071 passes
  3. 3) Argentina, 1.882 passes
  4. 4) Itália*, 1.859 passes
  5. 5) Chile, 1.802 passes
  6. 6) França, 1.800 passes
  7. 7) Bósnia Herzegovina*, 1.412 passes
  8. 8) Inglaterra*, 1.286 passes
  9. 9) Portugal*, 1.644 passes
  10. 10) Japão*, 1.633 passes

 

Em gol

No futebol de mesa, o jogador anuncia a tentativa de movimentar o escore. No futebol real, também é preciso arriscar para a bola cruzar a meta adversária. Entre os chutadores, França (62), Gana (59), Portugal (53), Suíça (51) e Argentina (48) foram as que mais tentaram mandar a bola em gol.

Mas quem mais acertou chutes foi França (39), Brasil (35), Suíça (33) e Holanda (33).

Para lembrar, os melhores ataques da competição são Holanda (10), Colômbia (9), França (8), Alemanha (7), Brasil (7) e Suíça (7). França e Grécia puseram quatro bolas na trave cada.

 

Peneira

As defesas mais vazadas são de:

  1. 1) Camarões e Austrália, 9 gols sofridos
  2. 3) Honduras, 8 gols sofridos
  3. 4) Espanha e Portugal, 7 gols sofridos

 

Ninguém segura

As cinco melhores campanhas são de:

  1. 1) Holanda, 9 pts, 7 de saldo, 10 gols marcados
  2. 2) Colombia, 9 pts, 7 de saldo, 9 gols marcados
  3. 3) Argentina 9 pts, 3 de saldo, 6 gols marcados
  4. 4) Bélgica 9 pts, 3 de saldo, 4 gols marcados
  5. 5) França 7 pts, 6 de saldo, 8 gols marcados

 

O Brasil tem a sexta campanha, idêntica à da Alemanha.

 

Digno do Íbis S.C.

As cinco piores campanhas são de:

 

  1. 28) Irã, 1 pts, -3 de saldo, 1 gol marcado
  2. 29) Japão, 1 pts, -4 de saldo, 2 gols marcados
  3. 30) Austrália, 0 pts, -6 de saldo, 3 gol marcados
  4. 31) Honduras, 0 pts, -7 de saldo, 1 gol marcados
  5. 32) Camarões, 0 pts, -8 de saldo, 1 gol marcado

 

E pensar que o Irã quase venceu a Argentina. E que Camarões chegou a empatar o jogo com o Brasil. E que a Austrália chegou a estar ganhando de 2 a 1 para cima da Holanda.