Goleada histórica

Holanda 5 x 1 Espanha: apocalipse do tiki-taka

Com atuações de gala de Robben, Van Persie e Blind, jogo de toques curtos espanhol desapareceu diante da velocidade e habilidade da Laranja Mecânica

EFE/Alberto Martín

Torcida espanhola desconsolada no telão do Santiago Bernabéu. Que baile, senhores…

A Holanda fez um resultado que pouquíssimas pessoas devem ter apostado no bolão. Enquanto se falava de recorde de Casillas, que podia superar Valter Zenga como o goleiro que passou maior tempo sem tomar gols em Copa do Mundo, quase ninguém esperava que o arqueiro fosse tomar logo cinco, um deles uma falha clamorosa sua.

O jogo na Arena Fonte Nova começou com uma cena que lembrou a final de 2010, com Sneidjer perdendo um gol cara a cara com Casillas. Aos poucos, a Espanha foi encurtando os espaços e encaixotando a Holanda, que jogava com a defesa em linha e dava espaços para as jogadas de infiltração do rival. Contudo, o gol espanhol só saiu em uma falha da arbitragem, mais uma no incrível rol acumulado em três partidas na Copa.

Diego Costa forçou o contato com De Vrij, que deu um carrinho na área, mas não chegou a atingir de fato o brasileiro naturalizado. O árbitro marcou pênalti e Xabi Alonso marcou aos 27.

O tento não abalou a Holanda, que buscou o empate com jogadas rápidas pelos lados, explorando a velocidade à frente de Robben e Van Persie. Mas nada teria funcionado sem o talento de Blind, que fez um lançamento perfeito para Van Persie cabecear e marcar o gol de empate, aproveitando o mau posicionamento de Casillas, adiantado no lance.

Na etapa final, veio o massacre. O tento da virada holandesa veio novamente com um lançamento de Blind, que encontrou desta vez Robben, aos 8 minutos. Ele dominou fácil uma bola difícil, puxou para o pé esqtuerdo e bateu para superar Casillas, se igualando a Van Persie como um dos dois holandeses a anotar gols em três edições diferentes de copas.

Dominando o meio de campo e desarmando os espanhóis, a Laranja Mecânica seguia assustando. Mais uma vez Van Persie recebeu pela esquerda e acertou um lindo sem pulo, que balançou o travessão de Casillas. O terceiro chegou com outro erro da arbitragem, agora contra a Fúria: o goleiro do Real Madrid sofreu falta após um cruzamento de Sneijder que chegou a De Vrij no segundo pau, mas o árbitro não marcou. Ele não perdoou e selou a derrota espanhola aos 19.

Atordoados com o resultado e já com a paella azedada, a seleção do tiki-taka* viu um de seus ídolos falhar miseravelmente. O grande arqueiro da equipe se atrapalhou de forma bizonha na saída de bola e deu a redonda limpa para Van Persie, que chutou para o gol aberto, aos 27. Ali, o resultado já era histórico, já que a última vez em que a Espanha tinha levado quatro gols em partida oficial havia sido em 1957, nas eliminatórias para o Mundial de 1958, um 4 a 2 para a Escócia.

O quinto gol é daqueles antológicos, que se destaca mesmo em uma partida com vários golaços. O domínio de bola de Robben, mesmo em velocidade pela ponta direita, foi notável, assim como a tranquilidade com que passou por Piqué, deixou Sergio Ramos na saudade e plantou Casillas no chão, limpando o lance para fazer o gol. Um tipo de lance raro, ainda mais em partida entre seleções de alto nível. O arqueiro do Real Madrid ainda evitou o sexto gol holandês com duas defesas fantásticas, mas o vexame já estava escrito.

Vicente Del Bosque consolava os atônitos jogadores do banco espanhol enquanto a Holanda celebrava a goleada, a pior derrota sofrida por um campeão de edição anterior em um Mundial. Em sua terceira partida, a Copa no Brasil já tem um jogaço, uma goleada e um craque, Robben, que fez até chover na Arena Fonte Nova.

*Expressão usada para explicar a forma de jogar da seleção espanhola, adotada também pelo Barcelona durante o período Guardiola. Segundo o Wikipedia, trata-se de “um sistema de jogo no futebol caracterizado por passes curtos e movimentação”. Muitos acham interessante, outros tantos acreditam ser deveras entediante.

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