Levantamento

Queimadas dobraram durante último ano de Bolsonaro

Estudo MapBiomas identificou um aumento de 98% nas áreas atingidas por queimadas durante 2022. Biomas mais atingidos são a Amazônia e o Cerrado

Daniel Beltrá / Greenpeace
Daniel Beltrá / Greenpeace
País viu 16,3 milhões de hectares em chamas. Trata-se de uma área equivalente ao estado do Acre

São Paulo – Levantamento MapBiomas revela que as queimadas em florestas brasileiras quase dobrou no último ano. O estudo divulgado hoje (31) aponta um crescimento de 93% na área de floresta devastada. De acordo com o índice, 85% da devastação foi concentrada na Amazônia. Apenas no último ano de governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, o país perdeu 2,8 milhões de hectares de florestas.

No ano anterior, o índice apontou para 1,4 milhão de hectares atingidos pelo fogo. Se considerados todos os terrenos, não apenas as florestas preservadas, o país viu 16,3 milhões de hectares em chamas. Trata-se de uma área equivalente ao estado do Acre.

Os biomas mais afetados foram a floresta amazônica e o Cerrado, com 7,9 milhões e 7,4 milhões de hectares perdidos, respectivamente. Ao considerar que a área brasileira de Cerrado é equivalente a metade da área de floresta amazônica, a conclusão é de que o Cerrado é o bioma que mais sofre com as queimadas.

queimadas
Estatísticas sobre queimadas no Brasil. Mês de setembro foi o de incêndios mais intensos. Fonte: MapBiomas

Queimadas e águas

Os dados apontam para uma piora expressiva na devastação durante os últimos anos. Contudo, o cenário é devastador em uma escala ainda maior. De acordo com os dados, o Brasil perdeu 15,7% da superfície de água doce em 30 anos, de 1990 a 2020. No estado do Mato Grosso, houve a seca de 50% das águas aparentes. O estudo revela que não é apenas a Amazônia sob risco. O Pantanal, maior planície de alagamento do mundo, perdeu 68% das águas em superfície nesse período.

O Ministério Público do Mato Grosso realiza, nesta semana, um seminário sobre a questão das águas. A série de encontros virtuais é intitulada “Nascentes, Veredas e Áreas Úmidas“. O procurador de Justiça Luiz Alberto Esteves Scaloppe chamou a atenção para a urgência do tema hoje, durante a abertura do evento. “Falar sobre a importância da água é fundamental. Assim como investir na educação ambiental nas escolas e na conscientização dos adultos para que possamos preparar as futuras gerações.”