Com avanço da soja, milho terá menor área plantada no Paraná em 40 anos

Governo estadual manifesta que recuo da área do milho não preocupa porque estoques estão completos; Soja deve bater recorde de produção e de área plantada

Diferentemente de outras áreas do país, o Paraná tem nas pequenas e médias propriedades as principais responsáveis pelo plantio de soja. Segundo o último levantamento do governo estadual, a área média é de 32 hectares (Foto: Agência de Notícias do Paraná)

As lavouras de milho e de feijão perderão espaço este ano no Paraná. O crescimento do cultivo de soja, programado para bater recorde, deve levar o milho à menor área plantada em 40 anos, com menos de 1 milhão de hectares.

Os bons preços da soja e a facilidade de vendê-la motivam a previsão de produção de 13,15 milhões de toneladas, 40% a mais que a safra passada. Ao todo, o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná estima que a atual safra do grão, iniciada neste mês, ocupará 4,3 milhões de hectares, quase 200 mil a mais que a temporada 2008/09.

Os números confirmam os dados apresentados na última semana pelo Censo Agropecuário do IBGE. De 1995 a 2006, a produção de soja cresceu 88,8%, com 40,7 milhões de toneladas. O Mato Grosso é o maior produtor nacional, em torno de um quarto do total, e o Paraná vem logo atrás. O estudo do IBGE gerou preocupação entre ambientalistas por dois motivos: a expansão da fronteira da soja sobre a Amazônia e a ampla utilização de transgênicos, respondendo por quase metade da produção nacional.

No caso paranaense, o governo estadual recomenda que os produtores mantenham a soja convencional. Otmar Hubner, engenheiro agrônomo do Deral, aponta que esta é uma postura de segurança, ainda que admita que atualmente existam lavouras transgênicas. “Uma tentativa de procurar garantir para o Paraná um mercado diferenciado junto a países que prefiram a soja convencional. É no sentido de no futuro garantir um valor melhor para o produto”, afirma.

Em ano de El Niño, com mais chuva na região sul, a expectativa é de que o clima não atrapalhe o plano de chegar à produção recorde. Otmar Hubner explica que, além do preço melhor no momento, a soja tem um custo de produção menor, cultivo mais fácil e riscos climáticos reduzidos na comparação com o milho.

O milho, que terá redução de 22% na área cultivada, deve ter uma produção de 6,95 milhões de toneladas. O recuo no espaço disponível não assusta por dois fatores. Em primeiro lugar, o rendimento médio melhorou quase 150% em dez anos, conseguindo plantar muito mais em uma área menor. Depois, Otmar Hubner aponta que não há risco de desabastecimento exatamente porque a safra passada em todo o país foi muito boa, havendo excesso de oferta. É a oferta excessiva que leva à queda dos preços, desestimulando os produtores.