Atividade antinuclear no Nordeste marca aniversário de desastre

No aniversário da explosão da usina ucraniana, ambientalistas realizam oficina em Olinda (PE) para incluir a população nordestina no debate sobre a questão atômica

São Paulo – Para marcar os 24 anos da explosão em Chernobyl, será realizada nos dias 26, 27 e 28 de abril, em Olinda (PE), a Oficina Antinuclear do Nordeste, voltada para ONGs e movimentos sociais nordestino. A organização é da Associação Movimento Paulo Jackson, da Bahia, regional Pernambuco da ONG Fase, Fundação Heinrich Boell, Grupo Ambientalista da Bahia, Greenpeace e Fórum Carajás.

Segundo os organizadores, o objetivo do evento é levar o debate da questão nuclear para populações ainda pouco familiarizadas com ela, como é o povo nordestino, que terá em sua região a construção de pólos nucleares.

Há projetos para a construção de uma central nuclear do Nordeste, de seis a oito novos reatores, a ampliação da fábrica de combustível nuclear de Resende (RJ), o aumento das instalações para enriquecimento de urânio e a expansão da mineração desse combustível nuclear no Ceará e no sul do Pará.

A programação inclui discussões sobre a história da energia nuclear no mundo, na América Latina e no Brasil; o histórico das descobertas; a entrada dos reatores em operação; número de incidentes e acidentes; exemplos de resistência; evolução da indústria nuclear no Brasil; acordos internacionais; elementos básicos da energia nuclear, como fissão e fusão nuclear; tipos e funcionamento de reatores; depósito de lixo radioativo; avanços tecnológicos; problemas da indústria nuclear no Brasil; mineração de urânio; beneficiamento, transporte, enriquecimento e fabricação de combustível; fabricação de radioisótopos; operação das usinas; armazenamento do lixo; descomissionamento das instalações e outros usos na medicina, agricultura, indústria, construção civil; legislação brasileira e internacional; aprovação dos projetos; Constituição, licenciamento e controle das instalações; Conselho Nacional de Energia Nuclear X Ibama; tentativas e sucessos na imposição de barreiras legais; custos verdadeiros e omitidos; inexistência de plano e infraestrutura de emergência adequados; subsídios à construção e à eletricidade gerada; e comparação com outras renováveis.

A dimensão humana do problema será discutida com a participação de ex-trabalhadores da Nuclemon, de Caetité (BA), incorporada posteriormente pelas Indústrias Nucleares Brasileiras (INB) – em minas de urânio –, Angra dos Reis, Goiânia, Hiroshima e Chernobyl.

Serão discutidos ainda temas como os “novos” argumentos de quem defende a energia nuclear; a necessidade de diversificação das matrizes energéticas; panorama atual e perspectivas futuras para a indústria nuclear; projetos em andamento no mundo; situação do descomissionamento; planos no Brasil e na América do Sul; segurança nuclear e terrorismo. O evento será encerrado com aprovação da Carta de Recife.