Vida de Coragem

Após homenagem de indígenas, corpo de Bruno Pereira é cremado

O defensor da floresta e dos povos indígenas Bruno Pereira foi assassinado em razão de sua missão ao lado do jornalista Dom Phillips

Univaja
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"A vida de Bruno foi de coragem, dedicação e fidelidade à causa dos indígenas", disseram os familiares em nota à imprensa

São Paulo – Os restos mortais do indigenista Bruno Pereira foram cremados nesta sexta-feira (24) em sua cidade natal, Recife, diante da presença de vários representantes de comunidades indígenas. Bruno foi assassinado na Amazônia, em expedição de defesa da floresta com o jornalista britânico Dom Phillips, que também foi morto e deve ser cremado amanhã, em Niterói (RJ). O velório pelo brasileiro foi aberto no início da manhã no cemitério Morada da Paz, em Paulista, região da Grande Recife. O corpo seguiu para cremação por volta das 15h. A cerimônia foi marcada por uma homenagem de indígenas da etnia Xucuru.

A família evitou falar com os jornalistas, mas divulgou nota à imprensa. O texto foi lido durante o velório por uma cunhada de Bruno. “A família está se despedindo de Bruno com o coração cheio de gratidão por ter tido ele em nossas vidas. A vida de Bruno foi de coragem, dedicação e fidelidade à causa dos indígenas”, afirmou.

A nota reforçou o pedido de justiça pelas vítimas e agradeceu as homenagens e, em especial, a dedicação de indígenas que atuaram nas buscas por Bruno e Dom. “Aos familiares, amigos, aos indígenas e a todas as pessoas que oraram, buscaram, trabalharam, representaram Bruno. Somos eternamente gratos. Que Deus, em sua imensidão, possa retribuir a todos e às suas famílias. Agora, estamos dedicados ao amor, ao perdão e à oração.”

“Bruno tinha uma missão e iluminou sua causa, e levou ela para o mundo. Neste momento e durante toda a última semana, indígenas de todo o país fizeram rituais de passagem e homenagearam Bruno Pereira. Agradecemos a todos”, finalizou.

Histórico de Bruno Pereira

O ativista tornou-se um dos maiores especialistas em povos isolados do Brasil desde que decidiu dedicar sua vida ao entendimento e à defesa dos povos da floresta. Servidor público na Fundação Nacional do Índio (Funai), ele foi afastado de suas funções pelo governo Bolsonaro, por pressão dos então ministros Sergio Moro (Justiça), que era o titular na época da demissão, e Ricardo Salles (Meio Ambiente). Ambos atenderam os interesses de mineradores, desmatadores, madeireiros, pescadores ilegais e grileiros, com quem o governo Bolsonaro mantém estreitas relações.

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