O Horror

Mundo reage: ‘Bruno Pereira e Dom Phillips foram executados na guerra do governo contra a floresta’

Nas redes sociais dentro e fora do Brasil, artistas, políticos e jornalista indicam pouca esperança de entrar ativistas vivos e criticam governo Bolsonaro pelo pouco empenho na buscas e por vínculos com destruidores da floresta

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Quando Bruno Pereira e Dom Phillips desapareceram, o governo desfalcou a Força Nacional em vez de reforçar

São Paulo – A segunda-feira (13) foi marcada pelo desencontro de notícias sobre o desaparecimento do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira. Informações primeiramente divulgadas pela companheira do jornalista foram de que os corpos de ambos teriam sido encontrados, mas a Polícia Federal negou e, até o fechamento desta matéria, ainda não havia fatos novos sobre a tragédia. Contudo, tudo indica que não há mais esperanças de encontrá-los com vida. Nas redes sociais, lamentos e críticas ao governo Bolsonaro pela má condução dos trabalhos de resgate e também por vínculos com o garimpo ilegal e desmatadores, que podem ter relação com o crime.

“Bruno Pereira e Dom Phillips foram executados na guerra do governo atual contra a floresta amazônica e contra quem a defende. O presidente do Brasil apoia o garimpo ilegal e tripudia dos mortos. Esse é o Brasil de Bolsonaro. A matança e a destruição não podem continuar”, afirmou a filósofa Márcia Tiburi, por meio de sua página no Twitter. A professora cobra posicionamento da sociedade em defesa da vida. “As pessoas estão com medo da morte violenta nas ruas. Só pode ser isso (…) Uns hipnotizados, outros apavorados. A guerra psíquica deu certo”.

Cortina de fumaça: Bolsonaristas tentam encobrir repercussão do caso de Phillips e Pereira

Enquanto muitos clamam por justiça para Phillips e Pereira, apoiadores do presidente tentam emplacar uma cortina de fumaça no caso, com a volta dos comentários do sempre citado o caso Celso Daniel – o prefeito de Santo André assassinado, num crime já esclarecido, mas ainda imputado ao PT pela extrema direita. “Sempre que colocado em posição defensiva, o bolsonarismo resgata ‘Celso Daniel’. Nas últimas horas, com um pico de menções envolvendo Dom Phillips, o político voltou a ser citado. A questão é: por que o bolsonarismo se coloca na defensiva pelo desaparecimento de Dom Phillips?”, questionou o cientista de dados Pedro Barciela. Milhares de tuítes resumiram a resposta: “confissão de culpa”.

Insuficiente

A tentativa de acobertar a gravidade do desaparecimento da dupla de ativistas na Amazônia surtiu pouco efeito. As cobranças seguiram durante todo o dia, figurando entre os assuntos mais comentados de todo o mundo. Entre as manifestações, destaque para a banda irlandesa U2, o rapper Emicida, a cantora Juliette e o grupo Anonymous, além de um grande número de políticos, jornalistas e celebridades de todo o mundo. “Viver (ou tentar sobreviver) no brasil (com b minúsculo mesmo) tem sido a cada dia, uma experiência que significa receber mais desgraças do que se é capaz de processar”, lamentou Emicida.

O sociólogo, ambientalista e ex-ministro da Cultura Juca Ferreira classificou o Brasil de hoje como “o horror”. “Estamos sob a égide da morte! O Brasil está submetido a um governo de estrema direita que defende a tortura, a violência e agride toda a sociedade atacando direitos já conquistados às milícias, ao narcotráfico, garimpeiros, madeireiros A morte está no comando do país”, disse.

Os deputados federais Gleisi Hoffmann (PR) e Bohn Gass (RS), presidenta do PT e líder da bancada na Câmara, respectivamente, chamaram Bolsonaro à responsabilidade. “Não há como dissociar este crime bárbaro da “boiada” que o governo Bolsonaro fez passar sobre a proteção da floresta e dos povos indígenas”, disse Gass. “Governo Bolsonaro deve explicações, crime precisa ser elucidado o quanto antes. A Amazônia não pode ser terra de ninguém”, afirmou Gleisi.

Pacheco

Quem também se manifestou foi o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Ele discursou na abertura dos trabalhos da Casa no início desta tarde. “Há um Estado paralelo na Amazônia”, declarou o político. Pacheco argumentou que o crime corresponde a “uma ofensa gravíssima ao Estado brasileiro e às instituições”. “Nós, do Senado federal, não podemos tolerar essa atrocidade. Precisamos ver como o Senado da República pode contribuir para o ajuste de normas e leis, com definição orçamentária, eventualmente realização de concursos públicos, o que precisar ser feito para que o Estado brasileiro esteja presente nesta região”, completou.


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