Ritmo acelerado

Queda de emissão de gases na pandemia não conteve avanço das mudanças climáticas

Após redução temporária, de janeiro a maio de 2021, as emissões globais de CO₂ nos setores de energia, indústria e residencial já estavam no mesmo nível ou superiores ao mesmo período de 2019

CC0 Creative Commons
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Relatório mostra que o mundo está longe de atingir compromissos do Acordo de Paris

São Paulo – Relatório inédito divulgado nesta quinta-feira (16) por agências da Organização das Nações Unidas (ONU) mostra que a redução temporária na emissão de gases poluentes durante a pandemia de covid-19 não foi capaz de desacelerar o avanço das mudanças climáticas. De acordo com o estudo, a queda resultou em um “efeito muito pequeno para ser distinguido da variabilidade natural”.

“A queda das emissões de CO₂ é temporária e, com base em estimativas preliminares, de janeiro a maio de 2021 as emissões globais nos setores de energia, indústria e residencial já estavam no mesmo nível ou superiores ao mesmo período de 2019”, diz o informe intitulado “Unidos pela Ciência 2021” , assinalando que as emissões do transporte rodoviário no período permaneceram cerca de 6% menores.

A média global de temperatura da superfície para o período de 2017-2021 está entre as mais quentes já registradas, estimada em 1,06 °C a 1,27 °C acima dos níveis da era pré-industrial (1850-1900) e há uma probabilidade crescente de que as temperaturas rompam temporariamente o limiar de 1,5 °C acima do mesmo período. O documento destaca que o ano de 2021 registrou eventos climáticos extremos devastadores como o extraordinário calor extremo verificado na América do Norte e as inundações da Europa Ocidental.

“É inequívoco que a influência humana aqueceu a atmosfera, o oceano e a terra. Mudanças generalizadas e rápidas na atmosfera, oceano, criosfera e biosfera ocorreram. A escala das mudanças recentes em todo o sistema climático como um todo e o estado atual de muitos aspectos do sistema climático são sem precedentes ao longo de muitos séculos a milhares de anos”, ressalta o relatório.

2021 é um ‘ano crítico’ para as mudanças climáticas

Na apresentação do relatório, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, apontou para a urgência de serem tomadas medidas para combater as mudanças climáticas.

“Este é um ano crítico para a ação climática. Este relatório das Nações Unidas e organizações globais de parceiros científicos fornece uma avaliação holística da ciência climática mais recente. O resultado é uma avaliação alarmante do quão longe estamos”, disse.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) destaca que os países devem buscar uma recuperação econômica que incorpore “uma forte descarbonização”. O número crescente de países que se comprometem com as metas de emissão líquida zero é encorajador, com cerca de 63% das emissões globais agora cobertas por estas metas. No entanto, para se manterem viáveis e críveis, precisam urgentemente ser refletidas na política de curto prazo e em objetivos mais ambiciosos para o período até 2030.

Com informações de Agência ONU e Pnuma

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