Produção de alimentos

Dos eleitos em 2020, 47 prefeitos e 125 vereadores firmaram compromisso com a agroecologia

Esses prefeitos e vereadores correspondem a 14% dos candidatos que assinaram carta-compromisso da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA)

Governo do Espírito Santo
Governo do Espírito Santo
Há em todo o país mais de 700 iniciaitivas municipais de apoio à produção agroecológica

São Paulo – De todos os candidatos que se comprometeram a apoiar a agroecologia, a agricultura familiar, a segurança alimentar e o combate à fome, 14% foram eleitos. Ao todo são 47 prefeitos e 125 vereadores, conforme levantamento da Articulação Nacional da Agroecologia (ANA) apresentado nesta segunda-feira (30). Todos eles assinaram a carta-compromisso Agroecologia nas Eleições: Propostas de Políticas de Apoio à Agricultura Familiar e à Agroecologia e de Promoção da Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional em Nosso Município. Com 36 propostas de ação municipal, o documento norteou o plano de governo, dando prioridade a iniciativas que dependem apenas de vontade política local para realização.

A carta-compromisso de apoio à agroecologia recebeu quase 500 candidatas a vereadoras e prefeitas, o equivalente a cerca de 40% do total.

Brasil tem tudo para adotar a agroecologia como modelo na produção de alimentos

Na avaliação de integrantes da ANA, o resultado indica o fortalecimento das pautas da agroecologia ao longo da campanha, atingindo um número expressivo de compromissos. Além disso, o número significativo de mulheres eleitas aponta para uma atenção maior à agroecologia, com a produção sustentável de alimentos.

“Consideramos um resultado positivo, com a consolidação de uma rede de governos municipais sintonizados com a agenda da agroecologia, adaptada à realidade de cada cidade”, disse Flávia Londres, engenheira agrônoma e uma das coordenadoras da campanha Agroecologia nas Eleições. “O engajamento eleitoral projetou o tema na mídia, trouxe o assunto para os candidatos e eleitores, fortalecendo o movimento agroecológico nos estados e, principalmente, nos municípios, que é onde se dão os arranjos produtivos da agricultura, distribuição e consumo da maior parte dos alimentos”.

Nordeste na frente

Ainda segundo a ANA, foram eleitos 62 vereadoras e 63 vereadores que aderiram ao movimento de agroecologia, sendo 45 deles em municípios do Nordeste, região com mais vereadores eleitos comprometidos. Na sequência aparecem as regiões Sudeste, com 31 vereadores signatários, Sul, com 28, Norte, com 15, e Centro-Oeste, com seis.

No ranking dos estados, a Bahia ficou em primeiro com 14 vereadores eleitos, seguida por Rio de Janeiro, Minas Gerais e Santa Catarina, com 11 vereadores cada; Rio Grande do Sul, com nove; Paraná, oito; e São Paulo, sete.

Entre os vereadores estão Dani Portela (PCdoB), mais votada em Recife (PE), além de Ivan Moraes (Psol) e Cida Pedrosa (PCdoB), no mesmo município. As primeiras vereadoras negras de Campina Grande (PB), Jô Oliveira (PCdoB), e de Cuiabá (MT), Edna Sampaio, também são signatárias das propostas da ANA. Já na Bahia, foram eleitos vereadores em municípios como Feira de Santana, Ichu, Amargosa e Santaluz. Enquanto isso, no Rio de Janeiro, nomes do Psol, como Chico Alencar, Tarcísio Motta e Tainá de Paula apoiam o movimento e também estão entre os mais votados na capital.

A região Nordeste também lidera com 28 prefeituras a serem ocupadas por gestores participantes da campanha. Os destaques estão no Maranhão, com seis eleitos, e na Bahia, com o mesmo resultado. O Sudeste tem ao todo sete prefeitos comprometidos com a agroecologia, com destaque para o Espírito Santo, com quatro eleitos. As regiões Norte, Sul e Centro-Oeste ocupam as cadeiras municipais com cinco, quatro e dois candidatos, respectivamente, totalizando 40 prefeitos e seis prefeitas eleitas em todo o país, além de um vice-prefeito também comprometido com o movimento.

Prefeitos eleitos

Entre os prefeitos eleitos no primeiro turno estão Axel Grael (PDT), em Niterói (RJ), Romualdo Milanese (Solidariedade), em Boa Esperança (ES), Carlos Moraes (PDT), em Brazópolis (MG), Aderson Liberato Gouvêa (PT), em Goiás (GO), Filipe Pinheiro (PT), eleito prefeito de Itapipoca (CE), e Bismarck Bezerra (PDT), prefeito reeleito de Piquet Carneiro (CE).

Dos candidatos eleitos em segundo turno Edmilson Rodrigues (Psol), prefeito em Belém (PA), Margarida Salomão (PT), em Juiz de Fora (MG), Sérgio Vidigal (PDT), em Serra (ES), e Arthur Henrique (MDB), eleito em Boa Vista (RR).

Também assinaram a carta Manuela d’Ávila (PCdoB), que concorreu a prefeita de Porto Alegre (RS), Marília Arraes (PT), em Recife (PE), e Guilherme Boulos (Psol), em São Paulo (SP). Os cálculos ainda não incluem o resultado eleitoral em Macapá (AP), com eleições adiadas por causa do apagão de três semanas. Lá o candidato João Paulo Capiberibe (PSB) também firmou compromisso com a agroecologia.

Municípios agroecológicos

Entre agosto e outubro, a Articulação Nacional da Agroecologia realizou uma pesquisa inédita para subsidiar a criação e aprimoramento de políticas públicas de produção de alimentos e segurança alimentar em nível local. Os pesquisadores identificaram mais de 700 políticas públicas municipais de promoção ao setor em todo o país, que compõem um mapa interativo online – Municípios agroecológicos e políticas de futuro. Nele estão iniciativas de apoio à comercialização e programas de compras públicas, entre outros.