política genocida

Indígenas irão denunciar violações de Bolsonaro na Assembleia Geral da ONU

Lideranças de povos tradicionais prometem manifestações durante o discurso do presidente, nos Estados Unidos

Guilherme Cavalli/Cimi
Guilherme Cavalli/Cimi
Lideranças indígenas brasileiras foram recebidas por parlamentares norte-americanos, sensibilizados com a atual situação da política ambiental brasileira

São Paulo – Desde o último dia 16, associações indígenas brasileiras estão em solo estadunidense dialogando com diversos setores da sociedade civil sobre os ataques do governo brasileiro aos povos indígenas, à Constituição Federal e à Amazônia. O advogado Dinamam Tuxá, líder da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), contou que lideranças brasileiras foram recebidas por parlamentares norte-americanos, sensibilizados com a atual situação da política ambiental brasileira.

“Conseguimos apontar o esvaziamento da política ambiental, os ataques aos povos indígenas, o discurso de ódio do presidente do Brasil e também mostramos que essa violência é patrocinada por recursos americanos. A madeira que está indo para lá é produto de extração ilegal, a mineração é clandestina, e há uma legislação norte-americana que proíbe a aquisição desse tipo de material”, afirmou à repórter Nahama Nunes, da Rádio Brasil Atual.

Além da presença dos indígenas brasileiros nos Estados Unidos, outras lideranças do Brasil participaram da 42º sessão do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, na Suíça, com o objetivo de denunciar os ataques do governo brasileiro com os povos guaranis. Flávio Machado, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), declarou que, em Genebra, ficou claro que os povos indígenas estrangeiros temem que o posicionamento de Bolsonaro acabe afetando os direitos de grupos tradicionais pelo mundo.

Segundo Machado, das 140 recomendações que a ONU fez ao Brasil referente aos direitos humanos, o governo brasileiro retrocedeu em 43. “O atual governo age, de forma premeditada, contra os direitos dos povos indígenas e atenta contra a vida dessas comunidade, ao não proteger a Amazônia, ao não demarcar as terras dos povos originais. O Cimi está monitorando as 140 recomendações e o Brasil já retrocedeu em um terço. Isso resulta em mortes“, lamentou.

Na Suíça, Saturnina Chiquitano, do povo indígena Chiquitano, ressaltou que o Brasil vive um grande retrocesso com o que classificou de políticas genocidas de Jair Bolsonaro. “O atual governo é anti-indígena, que ameaça os direitos dos povos indígenas, que retira tudo que conquistamos com muita luta e sangue derramado. É um retrocesso e só vai se agravar ainda mais”, criticou ela.

A comitiva de Bolsonaro partirá de Brasília para os Estados Unidos na noite desta segunda-feira (23). O presidente do Brasil já declarou que vai discursar na Assembleia Geral da ONU,  nesta terça-feira (24). Para Bolsonaro, a pressão da comunidade internacional sobre sua gestão ocorre porque ele se nega a demarcar terras indígenas e a ampliar áreas de preservação ambiental.

Dinamam Tuxá conta que a intenção dos povos indígenas é fazer um grande protesto em Nova Iorque durante o discurso oficial do presidente. “Estamos preparando um manifesto contra Bolsonaro aqui. Teremos credenciais para entrar e constranger o governo dentro da sede da ONU. Então, vamos ecoar nossas vozes aqui, pois eles tentam silenciar a gente, no Brasil”, contou.

Ouça a reportagem de Nahama Nunes, na Rádio Brasil Atual