combate à seca?

Sindicato promete paralisação se Sabesp não rever demissões em SP

Companhia pretende demitir 600 trabalhadores ao todo, como forma de enfrentar problemas financeiros decorrentes da falta de água em São Paulo

Divulgação/Sintaema

O presidente do Sintaema já havia denunciado que haveria demissões à CPI da Sabesp na Câmara Municipal

São Paulo – O Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente de São Paulo (Sintaema) marcou para a próxima terça-feira (10) assembleia para decidir se iniciam uma greve contra 335 demissões já efetuadas pela Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp), em fevereiro, em todo o estado. “Em um momento grave como esse, deviam contratar e não demitir. A população também vai pagar, pois o serviço vai ser precarizado”, defendeu o presidente do Sintaema, Rene Vicente.

Segundo Rene, além dos 335 demitidos, existem outras 140 homologações agendadas. “Estimamos que devam ocorrer entre 600 e 700 demissões no total”, afirmou. Desse número, 70% são trabalhadores das áreas operacionais, que realizam as manobras de fechamento e abertura de tubulações – e consequente falta ou retorno da água nas torneiras –, manutenção de vazamentos, ligações novas, entre outros serviços.

O último registro oficial, de 2014, conta 15 mil trabalhadores na Sabesp. A companhia e o sindicato acordaram no ano passado, em acordo coletivo, que poderia haver a readequação do quadro de funcionários, desde que os desligamentos não fossem superiores a 2% do total de trabalhadores. O que limitaria as demissões em todo o período a 300 funcionários. A estatal deve divulgar o número atual de trabalhadores em seu Relatório de Sustentabilidade, no fim de março.

Em nota a Sabesp “ressalta que os ajustes em seu quadro de pessoal não irão comprometer a qualidade na prestação de serviços”. E defende que houve um aumento de 70% na eficiência produtiva nos últimos 13 anos.

Em seminário na Federação do Comércio, em 6 de fevereiro, o secretário Estadual de Saneamento e Recursos Hídricos, Benedito Braga, disse que a Sabesp está em dificuldades financeiras por ter implementado o bônus – desconto de 30% no valor da conta para quem economizar 20% no consumo de água – ao mesmo tempo em que reduziu o fornecimento de água. “Nós não tínhamos expectativa de um período tão longo de estiagem, e esse bônus foi complicando sobremaneira a questão financeira. Então nós vamos ter de fazer uma revisão disso”, disse Braga.

A companhia também estuda pedir um novo aumento de tarifas para a Agência Reguladora de Água e Energia de São Paulo (Arsesp). O último reajuste foi autorizado em dezembro passado.

Braga disse hoje ao jornal O Estado de S. Paulo que as demissões são motivadas por um termo de ajustamento de conduta (TAC) que determina a demissão de funcionários aposentados, assinado entre a Sabesp e o Ministério Público Estadual (MPE) em 2010. Para o MPE, estes trabalhadores estariam recebendo duas vezes.

“Se isso for verdade é ilegal”, criticou Rene, do Sintaema. “O TAC foi firmado há quase cinco anos. Eles não podem demitir só quando acham melhor.”