crise hídrica

Apesar de tempestades, chuvas estão abaixo da média em São Paulo

Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) mostra que níveis de precipitações estão aquém de valores históricos e não são capazes de recuperar mananciais; Cantareira cai para 6,4%

Marcelo Camargo/Agência Brasil

Rua alagada: chuvas têm sido mais intensas na zona sul da cidade, o que agrava a situação da Cantareira

São Paulo – As chuvas de verão que têm atingido a cidade de São Paulo nos fins de tarde ocorrem em forma de pancadas isoladas, distantes do ideal para ajudar a elevar o nível dos mananciais, mostra o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Desde o início do ano, no Mirante de Santana, na zona norte, choveu 71 milímetros, sendo que a média histórica para o período é 130 milímetros.

“As chuvas estão abaixo e, na maior parte do estado, muito irregulares. Algumas regiões estão tendo chuvas expressivas, em forma de tempestades. Essa é uma característica em relação ao ano passado, tem ocorrido temporais de fim de tarde”, esclarece o meteorologista do Inmet Marcelo Schneider.

No Sistema Guarapiranga, localizado na zona sul da capital paulista, a tempestade de ontem (12) foi significativa. A precipitação do dia chegou a 52 milímetros, o que ajudou a elevar o nível da represa de 39,2% para 39,8%. No mês, a pluviometria acumulada é 128,4 milímetros, volume dentro da média, já que o esperado para janeiro é 229,3 milímetros.

Com a falta de regularidade nas chuvas, porém, a precipitação na região do Sistema Cantareira, o principal no abastecimento de São Paulo, tem sido insuficiente. “Se for comparar, as últimas chuvas pegaram mais a região sul que a norte. No nordeste do estado e sul de Minas Gerais, onde fica o Cantareira, as chuvas estão abaixo do normal”, disse Schneider.

Apesar da tempestade que deixou ontem milhares de residências sem energia elétrica e fez com que dois córregos transbordassem na zona sul, não choveu no Cantareira. O nível desse manancial caiu de 6,5% para 6,4%. No acumulado, a precipitação está abaixo do esperado, pois choveu 49,2 milímetros desde o começo de janeiro e a média histórica chega a 271,1 milímetros.

Para que as chuvas ocorram de forma generalizada, é preciso que uma frente fria ou o canal de umidade da Amazônia chegue a São Paulo, explica o meteorologista do Inmet. A previsão é que, na próxima semana, a precipitação ganhe menos característica de temporais e fique mais consistente. “Não esfria, mas o calor será menos intenso e terá mais umidade”, disse.

No fim da tarde de hoje, um temporal deve atingir as regiões central e norte da capital paulista. No estado, a precipitação se concentra na região central. As tempestades deverão vir acompanhadas de granizo e rajadas de vento, alerta Schneider.

Falta de energia afeta 800 mil residências

A forte tempestade que atingiu a capital paulista na noite de ontem (12) deixou 800 mil residências sem energia elétrica, segundo balanço da AES Eletropaulo. A concessionária avalia que a chuva provocou os piores impactos deste verão na rede elétrica, devido à queda de árvores de grande porte, que romperam cabos e derrubaram postes.

Ficaram sem energia os bairros das zonas oeste e sul, como Brooklin, Campo Belo, Moema, Ibirapuera, Morumbi e Butantã. As linhas de atendimento ao cliente da AES Eletropaulo ficaram congestionadas. De acordo com a concessionária, a chuva desligou 96 circuitos de distribuição (a cidade toda tem 1.750 circuitos). Até o fim da noite de ontem, 46 deles haviam sido religados e as equipes trabalharam na madrugada e nesta manhã para restabelecer o restante.

Segundo o Centro de Controle Operacional Integrado, a cidade registrou ontem 58 quedas de árvores. O local mais atingido foi a região do Butantã, na Avenida Politécnica, onde quatro árvores caíram, uma atingiu um veículo. Ninguém ficou ferido.

Dois córregos da zona sul transbordaram: o Ipiranga e o Morro do S, que causou a interrupção do trânsito nas avenidas Carlos Caldeira Filho e Elias Mass, além de atingir oito lojas. Foram registrados 35 pontos de alagamento em toda a cidade, sendo 25 deles intransitáveis para automóveis.

Muitos estragos foram provocados também pelos ventos, que chegaram a 85 quilômetros por hora na região do Aeroporto de Congonhas. Também foram registrados 8 mil raios e queda de granizo sobre a cidade. Uma grande quantidade de semáforos amanheceu hoje apagada.

A Companhia de Engenharia de Tráfego informou que 156 semáforos estão com problemas, sendo 134 apagados e 22 em amarelo intermitente. Segundo a CET, o problema ocorre em razão do corte de energia elétrica.