Incinerador de lixo é ‘último recurso’, diz empresário do setor

Cidades e cidadãos brasileiros ainda têm muito a aprender sobre como lidar com o lixo que produzem (Foto: Suzana Vier/RBA) São Paulo – A incineração do lixo como forma de […]

Cidades e cidadãos brasileiros ainda têm muito a aprender sobre como lidar com o lixo que produzem (Foto: Suzana Vier/RBA)

São Paulo – A incineração do lixo como forma de tratamento dos resíduos sólidos só deve ser considerada após esgotadas todas as outras possibilidades e não pode ser adotada em qualquer município. Essa é a opinião do presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana (Selurb), Ariovaldo Caodaglio, entrevistado pela Rede Brasil Atual.

Caodaglio defende que a incineração tem de ser parte de uma estrutura ampla, que contenha uma usina de compostagem e um sistema de reciclagem do lixo. O modelo de tratamento do lixo deve ser pensado de acordo com o tamanho do município e o tipo de lixo produzido pela população e pelas atividades econômicas da cidade. “O sistema de tratamento dos resíduos tem que atender as necessidades locais. Não é em qualquer município que valeria a pena investir no alto custo de um incinerador”, ressalta.

Um exemplo de incinerador que contempla o modelo citado pelo representante do setor é o de São Bernardo do Campo. A prefeitura da cidade pretende implantar uma usina de tratamento do lixo doméstico que contará com um espaço para a produção de compostagem, outra para a separação do material reciclável, além da área para a queima dos resíduos restantes. Os catadores de recicláveis da região são contra o projeto por receio de terem seus empregos extintos.

Para o presidente do Selurb o principal problema da limpeza pública é não ter sido pensada focando o cidadão que produz o lixo. Segundo o dirigente, o poder público deveria fornecer informações e escutar o que a população deseja para o setor. “Com o conhecimento, o usuário pode participar e se comprometer com o sistema. Até virar um fiscal da limpeza urbana”, explica Caodaglio.

Na capital

O sistema de coleta do município de São Paulo está defasado em pelo menos oitos anos, aponta o presidente do Selurb. Os 13 mil trabalhadores da área e os 800 veículos têm que escoar cerca de 13 mil toneladas de detritos produzidos diariamente.

Para Caodaglio falta ao poder público – e não só da capital  paulista – um planejamento de médio e longo prazos na gestão da limpeza pública. E essa falta de visão afeta diretamente os investimentos na área. “Com a excassez de recursos, as prefeituras das grandes cidades tem que recorrer às parcerias público-privadas, já que o valor necessário para desafogar os sistemas é maior do que o orçamento do município”, conclui.