Brasil terá corte de emissões de gases próximo a 40%, diz Dilma

Redução do desmatamento em 80% contribui para diminuição de 20% nas emissões totais de gases (Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil) São Paulo – Pela primeira vez, o governo brasileiro admitiu se […]

Redução do desmatamento em 80% contribui para diminuição de 20% nas emissões totais de gases (Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil)

São Paulo – Pela primeira vez, o governo brasileiro admitiu se comprometer com uma redução em torno de 40% nas emissões dos gases causadores do efeito estufa até 2020. O compromisso, que será anunciado no próximo sábado, vai ser levado pelo país à conferência mundial de mudanças climáticas, em dezembro.

A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), que chefiará a delegação brasileira em Copenhague, na Dinamarca, evitou, no entanto, utilizar o tema “meta” para a posição do país, afirmando que o termo se aplica apenas às obrigações dos países desenvolvidos. Segundo ela, a decisão ainda precisa de uma justificativa técnica.

“Nós somos governo. Não achamos que pode reduzir 40%. Temos que provar que pode… Talvez seja 38, 42%. O número que vai ser dado vai ser o factível”, disse a ministra a jornalistas. “Não estamos muito distantes disso (40%)”, acrescentou.

Dilma esclareceu que a estimativa de corte nas emissões de CO2 leva em consideração um crescimento econômico de 5 ou 6% ao ano no período.

Já está acertado que o país vai reduzir o desmatamento em 80%, o que contribuirá para uma diminuição de 20% nas emissões de gases. Segundo a ministra, essa redução no desmatamento diminui as emissões em 6,2 gigatoneladas de CO2 equivalente até 2020.

A matriz energética, segundo Dilma, é outro foco a ser atacado. “O grande vilão é a emissão de energia fóssil: termelétrica a carvão, a óleo e a diesel”, disse ela, defendendo uma matriz renovável, via usinas hidrelétricas.

A ministra insistiu que os países desenvolvidos deverão ser pressionados a cumprir metas rígidas, enquanto o Brasil levará compromissos voluntários.

“A postura do Brasil (na conferência) é querer que os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento assumam um compromisso forte com a questão de emissão de CO2“, disse ela, explicando que todos devem contribuir para uma redução de 2 graus na temperatura global. “Não temos as mesmas obrigações que eles”, ponderou.

A posição brasileira para o futuro do clima foi discutida em São Paulo na segunda-feira (9) pelo Fórum de Mudanças Climáticas, coordenado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e que reuniu seis ministros, três governadores de Estado, além de ambientalistas e sindicalistas.

O secretário-executivo do fórum, o físico Luiz Pinguelli Rosa, resumiu o tom do encontro ao afirmar que “ninguém desmaiou com os 40%, antes desmaiava.”

Segundo ele, durante esta semana, os integrantes do grupo vão produzir um estudo técnico que sustente a posição brasileira.

A conferência mundial, promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU) na capital dinamarquesa, acontecerá entre 7 e 18 de dezembro. Pelo menos 190 países negociarão um novo acordo, que substituirá o Protocolo de Kyoto, de 1997, para enfrentar o aquecimento global.

Entre as principais divergências estão as metas de redução das emissões de gases do efeito estufa entre países desenvolvidos e em desenvolvimento e como levantar bilhões de dólares para ajudar os países pobres a lidar com o impacto do aquecimento global.

A ministra Dilma considerou positiva a iniciativa do governador José Serra (PSDB) que sancionou nesta segunda-feira uma lei que fixa meta de redução de 20% na emissão de gases de efeito estufa em São Paulo até 2020.

“O governador está de parabéns”, afirmou. Dilma (PT) e Serra são prováveis candidatos à sucessão presidencial em 2010.

Fonte: Reuters