EUA são principal emissor de CO2 contando importações
Segundo pesquisador norueguês, quando se analisa as emissões de gases-estufa de acordo com o país onde vivem os consumidores dos bens, aumentam as emissões dos países desenvolvidos. Estados Unidos estão em primeiro lugar no ranking de emissões de gases-estufa, à frente inclusive da China
Publicado 22/07/2009 - 17h50
Oslo – Os Estados Unidos são de longe o maior emissor de gases-estufa, à frente da China, contando-se a responsabilidade dos consumidores dos países ricos pela energia usada na fabricação dos bens importados, disse um pesquisador nesta quarta-feira (22).
Os gases que provocam o efeito estufa, incluindo os emitidos pelas indústrias que fabricam bens como carros ou televisões para exportação, em geral entram na conta do país que fabrica esses produtos. Por esses dados, a China superou os EUA como principal emissor mundial.
Mas, ao se ajustar as emissões de acordo com o país onde vivem os consumidores dos bens, aumentam as emissões dos países desenvolvidos, disse o pesquisador Glen Peters, do Centro de Pesquisa Ambiental e Climática Internacional em Oslo (Cicero).
“O ranking faz muitos países ricos parecerem piores e muitos países pobres parecerem melhores,” disse ele à Reuters.
No ranking de 73 países, os norte-americanos têm a maior “pegada de carbono” anual, o equivalente a 29 toneladas de dióxido de carbono per capita, à frente do australianos, com 21 toneladas, e dos canadenses, com 20 toneladas.
Cada cidadão chinês da pesquisa, baseada em dados de 2001, é responsável por apenas 3,1 toneladas. Contando-se a enorme população da China, as emissões norte-americanas totalizam 7,9 bilhões e a da China, 3,9 bilhões.
“Os EUA estão cada vez mais voltados a uma economia baseada em serviços, importando mais seus produtos da China”, disse Peters ao comentar o ranking, publicado online no mês passado na revista Environmental Science and Technology.
“Muito do crescimento nas emissões da China vem da produção das exportações”, disse ele. O ranking foi produzido em parceria com a Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia. As tendências econômicas depois de 2001 confirmaram os Estados Unidos como o número um.
Tratado da ONU
Países em desenvolvimento, como a China, sugeriram algumas vezes que as nações ricas deveriam arcar com a responsabilidade das emissões importadas, compartilhando o fardo das limitações sob um novo tratado climático da Organização das Nações Unidas (ONU), previsto para ser fechado em Copenhague (Dinamarca) em dezembro.
O ranking feito por Peters contabiliza as emissões de cada país, depois acrescenta as importações e subtrai as exportações.
O estudo constatou que os consumidores tendem a apresentar uma pegada de carbono maior quanto mais ricos ficam, num achado desestimulante para governos que tentam conter as emissões enquanto promovem o crescimento econômico.
“Uma vez que você traz o alimento e paga pela moradia, o que você faz com seu dinheiro é o consumo de luxo – a compra de um segundo carro ou de um aparelho de som”, afirmou Peters. “Quanto mais dinheiro você ganha, mais emissões você tem.”
Ele afirmou que os governos poderiam dirigir o consumo para atividades mais baseadas em serviços, que não aumentam tanto as emissões – por exemplo, frequentar restaurantes ou gastar com entretenimento.
Fonte: Reuters