Distorções

Ministério Público abre investigação contra o ‘Estadão’

Denúncias graves apontam assédio e direcionamento político no tradicional jornal paulista. Agora, ele será alvo de investigação

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Este procedimento, que precede um inquérito civil, tem potencial para desencadear ações legais. Entre elas, indenizações e outras medidas punitivas

São Paulo – O Ministério Público do Trabalho (MPT) anunciou a abertura de investigação contra o renomado jornal O Estado de S. Paulo e a jornalista Andreza Matais. Isso após denúncias graves de assédio moral e constrangimento no ambiente de trabalho, particularmente no setor de política. A denúncia, inicialmente registrada anonimamente no site da instituição, evoluiu para um Procedimento Preparatório. Isso marcou um momento crítico para a apuração desses eventos.

Este procedimento, que precede um inquérito civil, tem potencial para desencadear ações legais. Entre elas, indenizações e outras medidas punitivas. Isso visando os profissionais acusados de assédio a subordinados. Isso poderia envolver a assinatura de um termo de ajuste de conduta.

As alegações indicam que a editora de Política do jornal, Andreza Matais, teria exercido pressões sobre jornalistas mais jovens e recém-contratados. Assim, forçando-os a redigir reportagens distorcidas para atender aos interesses pessoais dela. Notavelmente, Matais é casada com um dirigente da federação PSDB-Cidadania, o que levanta suspeitas sobre possíveis conflitos de interesse político no jornal.

O procurador do MPT Tiago Muniz Cavalcanti escreveu na denúncia sobre o tema. “Os fatos narrados sinalizam, em tese, violação aos direitos tutelados pelo Ministério Público do Trabalho, mormente os alegados assédios e constrangimentos que, além de estarem previstos como temas prioritários deste órgão ministerial, insertos no planejamento estratégico institucional, configuram, caso verídicos, atentado contra a democracia e à liberdade de imprensa, porquanto praticados contra profissionais do jornalismo.”

A dama do tráfico no ‘Estadão’

Um dos casos mencionados na denúncia envolve o uso do termo “dama do tráfico”. Este título, alegadamente, seria imposição de superiores para atender aos interesses políticos da fonte de Andreza. Isso teria sido feito com a intenção de prejudicar o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, cotado para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).

O procurador responsável pela investigação determinou o sigilo do procedimento, visando evitar qualquer interferência que possa prejudicar as investigações. Além disso, concedeu acesso restrito a partes da denúncia, com exceção dos documentos sigilosos que permanecerão sob essa condição.

É um momento delicado para a reputação do jornal e da jornalista em questão, enquanto as investigações seguem seu curso e o Ministério Público busca esclarecer os fatos para tomar as medidas cabíveis em relação a essas sérias alegações de assédio e manipulação no ambiente de trabalho.

Leia também: Editora do ‘Estadão’ é denunciada por má-fé no caso ‘Dama do Tráfico’

“Andreza cometeu tais atos inaceitáveis a mando dos outros, a mando dos gestores, se chamou alguém de ‘vaca’ por ordens superiores, que Andreza se justifique e compartilhe as responsabilidades devidas. Seria absurdo sustentar que uma gestora tem o direito de assediar, humilhar, perseguir e fustigar os outros pelo simples fato de ser mulher. A situação de Andreza em nada tem a ver com os casos de mulheres atacadas ou perseguidas pelo exercício do jornalismo. Andreza está sendo denunciada aqui justamente por impedir esse livre exercício do jornalismo”, afirma trecho da denúncia.


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