São Paulo – A ocupação de mulheres Cleone Santos, em São Bernardo, no ABC paulista, foi alvo de ataques nesta terça-feira (21) por homens violentos, carregando símbolos ligados ao bolsonarismo e à extrema direita. O Movimento de Mulheres Olga Benário realiza a ação em forma de protesto desde sábado (18). Elas denunciam “uma série de atitudes questionáveis” do prefeito Orlando Morando (PSDB). O tucano é, por exemplo, alvo de denúncias no Ministério Público e até na ONU por práticas “racistas e fascistas, evidenciando um cenário hostil para as minorias”, afirmam. Além disso, o movimento tem outras pautas relacionadas à proteção de mulheres vulneráveis vítimas de violências.

Então, poucos dias após o início dos protestos, esta violência contra as minorias já explodiu. “Na tarde de hoje (21) um grupo de fascistas atacou a ocupação. Essa mobilização também busca construir uma casa para acolher mulheres vítimas de violência e organizar a luta contra o machismo e a opressão na cidade”, afirma a organização. Elas contam que “um grupo de 20 homens com marretas atacou covardemente a ocupação, invadindo, batendo nas companheiras e depredando o prédio”.

Situação extrema

As mulheres acionaram a Polícia Militar, que retirou os homens agressores, que portavam martelos, paus e outras armas brancas. Contudo, o medo persiste. “A situação é crítica, pois os invasores podem retornar a qualquer momento, aumentando a preocupação com a segurança das mulheres e crianças na ocupação. Há receios de que futuras investidas possam envolver armas de fogo, tornando a situação ainda mais perigosa. Neste momento, as mulheres na Ocupação Cleone Santos encontram-se em situação de fragilidade e precisam urgentemente de apoio”, afirmam.

Então, o coletivo pede apoio. “Convocamos todos os militantes e apoiadores a se somarem ao local em defesa da ocupação e da vida das mulheres e crianças (…). Pedimos a solidariedade de todos e apoio nas redes sociais para amplificar essa denúncia e pressionar por medidas imediatas de segurança e proteção para as mulheres da Ocupação Cleone Santos.”

Movimento de Mulheres Olga Benário

O Brasil é o quinto país no mundo em número de feminicídios, problema histórico relacionado ao machismo estrutural em diferentes camadas sociais. As ocupações do coletivo nascem nesse contexto de luta por justiça social. “Uma resposta necessária a esse alarmante cenário, que é resultado de uma política antipovo (…), mas também escuta e apresentação das mulheres a rede de enfrentamento à violência e apoio ao encaminhamento a serviços de saúde, assistência social, justiça e educação”, informam.

Então, elas lembram que a ocupação em São Bernardo não é a única. “O Movimento de Mulheres Olga Benário, que já possui 15 ocupações em todo o país, reivindica não apenas a segurança das mulheres na Ocupação Cleone Santos, mas também demanda a criação de políticas públicas abrangentes para combater a violência contra as mulheres em São Bernardo do Campo.”

As reivindicações delas são:

• Criação de uma Secretaria Popular de Políticas Públicas para Mulheres em São Bernardo do Campo;
• Estabelecimento de uma rede ampla, articulada e complexa de enfrentamento à violência contra a mulher na cidade;
• Retorno do município ao Consórcio Intermunicipal do ABC e retomada das políticas regionais;
• Criação de uma Casa de Passagem regional para as sete cidades do ABC paulista;
• Implementação de um programa de habitação para mulheres vítimas de violência;
• Resistência ao fechamento de creches no município;
• Atuação na prevenção da violência por meio de atividades de formação e conscientização.

Assista reportagem da TVT sobre a invasão: