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Em depoimento à PF, Mirian Dutra diz que recebia US$ 3 mil de FHC

Ela foi ouvida por declarações a revistas brasileiras, nas quais acusa o ex-presidente de ter enviado dinheiro para o exterior de forma irregular

Rovena Rosa/Agência Brasil

Mirian disse também que o ex-presidente usou uma empresa para enviar dinheiro para o filho no exterior

São Paulo – Em depoimento de quase seis horas, ontem (7), a jornalista Mirian Dutra, que teve um relacionamento extraconjugal com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, durante parte dos anos 1980 e início da década de 1990, confirmou que recebia cerca de US$ 3 mil mensais dele para bancar as despesas de educação de seu filho Tomás no exterior – cujo pai ela afirma ser o ex-presidente. As informações são do portal Brasil 247.

Ainda de acordo com o portal, a jornalista revelou também que FHC usou a empresa Brasif para enviar dinheiro para o filho no exterior, por meio de um contrato fictício de trabalho. A Brasif explorava os free shops (lojas com isenção de impostos) de aeroportos brasileiros na gestão do tucano.

Mirian foi ouvida por um delegado da Polícia Federal de Brasília, já que o inquérito, aberto em fevereiro deste ano, corre na capital do país. Ela foi ouvida por declarações a revistas brasileiras, nas quais acusa o ex-presidente de ter enviado dinheiro para o exterior de forma irregular para pagamento de despesas do filho.

Transferências

Em entrevista à revista BrazilcomZ, Mirian confirmou que teve um relacionamento com Fernando Henrique Cardoso antes de ele se tornar presidente da República, durante parte dos anos 1980 e início da década de 1990. Afirmou ainda que seu filho, Tomás Dutra Schmidt, hoje com 23 anos, é filho de FHC.

Mirian disse também que o ex-presidente usou uma empresa para enviar dinheiro para o filho no exterior.

À Folha de S. Paulo, a jornalista informou que a primeira transferência foi feita por meio de um contrato fictício de trabalho, no fim de 2002. O documento, obtido pelo jornal, mostra que a contratante é a Eurotrade, com sede nas Ilhas Cayman.

A empresa era subsidiária do grupo Brasif, que, na época, monopolizava a exploração de free shops, serviço administrado pelo governo federal. Apesar de ter dado dinheiro a Tomás, Mirian disse que FHC nunca assumiu a paternidade do rapaz. Perguntada sobre o motivo de só ter trazido os fatos à tona agora, a jornalista revelou que “está na hora das pessoas começarem a saber a verdade”.

Eurotrade

Procurada ontem pela Agência Brasil, a Brasif enviou uma nota afirmando que a Eurotrade, uma plataforma logística internacional das operações da Brasil Duty Free Shop, contratou, “em dezembro de 2002, a jornalista Mirian Dutra para realizar pesquisas sobre os preços em lojas e free shops na Europa” e que ela foi indicada para a função pelo jornalista Fernando Lemos, seu cunhado.

Na nota, a empresa assegurou que o “ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não teve qualquer participação na contratação, tampouco fez qualquer depósito na Eurotrade ou em outra empresa da Brasif”. A empresa também informou que a Eurotrade e a Brasil Duty Free foram vendidas em 2006.

O advogado de Mirian Dutra, José Diogo Bastos, informou mais tarde a jornalistas, por telefone, que deve soltar uma nota amanhã (8) para comentar os depoimentos dados por sua cliente hoje. Ele preferiu não fazer comentários sobre o depoimento.

A reportagem também procurou o Instituto Fernando Henrique Cardoso, mas até o momento não recebeu resposta sobre a solicitação. Mais cedo, o instituto informou à Agência Brasil que esperaria o depoimento de Mirian Dutra para avaliar se haveria necessidade de se posicionar sobre as declarações.

Com informações da Agência Brasil e do portal Brasil 247