Copom: consumo e investimentos caem mais do que o previsto
Segundo o comitê, esse processo se intensifica com incerteza provocada por 'eventos não econômicos', como os casos investigados pela Operação Lava Jato
Publicado 28/01/2016 - 10h39
No último dia 20, o Copom anunciou a manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 14,25% ao ano, por seis votos a dois. Quando há elevação da taxa Selic, a demanda por produtos e serviços é afetada, porque os juros mais altos encarem o crédito e estimulam as pessoas a economizar em vez de gastar. Quando há redução da Selic, o efeito é o contrário: incentiva produção e consumo, mas alivia o controle da inflação. Nas suas decisões, o BC tem de decidir se no momento a prioridade é controlar a inflação ou estimular a economia. Além de afetar a demanda, a elevação da taxa influencia também as expectativas com relação à inflação.
Em particular, o investimento tem sofrido retração, “influenciado, principalmente, pela ocorrência desses eventos e o consumo privado também se contrai, em linha com os dados de crédito, emprego e renda”, justificou o Copom. Entretanto, diz o comitê, depois de um período necessário de ajustes, “que tem se mostrado mais intenso e mais longo que o antecipado, à medida que a confiança de firmas e famílias se fortaleça, o ritmo de atividade tende a se intensificar”.
No médio prazo, o comitê avalia que o consumo tende a crescer em ritmo moderado e os investimentos tendem a ganhar impulso. “Pelo lado da oferta, o Comitê avalia que, em prazos mais longos, emergem perspectivas mais favoráveis à competitividade da indústria e da agropecuária. O setor de serviços, por sua vez, tende a crescer a taxas menores do que as registradas em anos recentes”, acrescenta. Em relação à demanda externa, a depreciação do real (alta do dólar) vai ajudar no crescimento da economia brasileira.
Mas para que essas mudanças se concretizem é fundamental que haja uma trajetória de geração de superávit primários, economia para o pagamento de juros da dívida pública. O Copom diz que a melhora nas condições fiscais do governo vai fortalecer a percepção de sustentabilidade do balanço do setor público. O comitê diz ainda que é preciso haver redução de incertezas que cercam o ambiente doméstico e internacional.
Preços administrados
O Copom projeta que os preços administrados por contrato e monitorados deve ter variação de 6,3% em 2016, ante 5,9% considerados na reunião do Copom de novembro. Entre outros fatores, essa projeção considera o reajuste médio nas tarifas de ônibus urbano de 8,9% e a variação de 3,7% nos preços da energia elétrica. Para 2017, a projeção para o conjunto dos preços administrados por contrato e monitorados, é 5%.