Encontro dos atingidos por barragens aponta necessidade de nova política energética
Além de uma Política Nacional de Direitos, atingidos querem criação de fundo para projetos de desenvolvimentos regionais
Publicado 06/09/2013 - 13h09
Atingidos por Barragens fizeram passeata na segunda (2) para cobrar investigação corrupção no metrô;
São Paulo – Mais de 3 mil pessoas atingidas por barragens em todo o país participaram do encontro que durou de segunda-feira (2) até ontem (5) na cidade de Cotia, na Grande São Paulo. Segundo o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o balanço do evento foi positivo, já que o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, afirmou que a Política Nacional de Direitos dos Atingidos por Barragens, reivindicada pelo movimento há anos, deve ser aprovada ainda em 2014.
Além disso, as discussões e a troca de experiências de atingidos apontaram a necessidade de se desenhar uma nova política energética no país, que, sobretudo, integre as comunidades atingidas no planejamento e execução. “A gente tem apontado que nossa luta deve se intensificar para garantir a tão esperada política de direitos que o governo prometeu ser cumprida e aprovada ainda neste ano, e estamos pautando também a criação de um fundo para que se crie os programas de desenvolvimento regional nas comunidades atingidas”, diz Ivanei Dalla Costa, da coordenação nacional do MAB, à Rádio Brasil Atual.
A criação de uma política nacional de direitos para os atingidos é uma reivindicação histórica do movimento. “A luta surge em função das contradições do processo de construção das hidrelétricas, onde a empresa e o Estado constroem as obras e depois a energia é vendida e gera lucro para as empresas. Não existe uma política de garantia de direitos para os atingidos, é planejado o custo da obra mas dentro disso não é mensurado o custo social de atendimento a essas populações atingidas”, afirma.
Ivanei ressalta que, além das avaliações das reivindicações e lutas do movimento até agora, a discussão sobre o modelo de setor elétrico seguido pelo Brasil definiu a organização e a luta dos atingidos por barragens. “Na construção da Usina de Belo Monte, cerca de 5 mil famílias urbanas precisam ser deslocadas, a obra está bem adiantada e as famílias ainda não tem certeza da onde vão morar. As que já sabem reclamam da qualidade das casas que a empresa está fazenda. A situação é de violação dos Direitos Humanos em função da construção destas obras”, finaliza ela.
Ouça aqui a entrevista de Ivanei à Rádio Brasil Atual.