Bolsa Família estimula empreendedorismo entre beneficiários, diz ministra

A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Marcia Lopes. Foto: Ana Nascimento/MDS Brasília – O programa Bolsa Família está estimulando o empreendedorismo em boa parte de seus beneficiários. […]

A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Marcia Lopes. Foto: Ana Nascimento/MDS

Brasília – O programa Bolsa Família está estimulando o empreendedorismo em boa parte de seus beneficiários. Prova disso, segundo a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Márcia Lopes, é o fato de “o índice de famílias com emprego ser maior entre as beneficiadas do que entre as não beneficiadas pelo programa.”

Para dar maior sustentação a suas argumentações, baseadas em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a ministra aponta também o avanço do microcrédito entre os que recebem a ajuda do Bolsa Família e o cancelamento dos benefícios para pessoas que não mais se enquadrarem no perfil do programa.

Em entrevista à Agência Brasil, Márcia Lopes informou que, desde a criação do Bolsa Família, 4,1 milhões de famílias já deixaram de ser atendidas pelo programa (os dados são de outubro do ano passado). Esse número deve aumentar, porque ainda em 2010 deverão ser recadastradas 1,1 milhão de famílias, que não renovam suas informações há dois dois anos. “Certamente haverá entre elas muitas que não continuarão com o benefício porque já não se enquadram no perfil do programa.”

A ministra citou uma pesquisa do IBGE, segundo a qual 77% das famílias atendidas pelo programa trabalham formal ou informalmente. Segundo ela, se o foco for direcionado aos não beneficiados, o índice cai para 73%.

“Isso mostra que o Bolsa Família é de fato uma renda complementar e desmonta o argumento de que as famílias deveriam trabalhar em vez de buscar o benefício, ou então de que elas se acomodam e não procuram trabalho. Todas as estatísticas indicam que a maioria das famílias trabalha, quer mais trabalho e mais ganhos.”.

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social, o Instituto Brasileiro de Análise Sociais e Econômicas (Ibase) constatou que“99,5% dos beneficiários não deixaram de fazer algum tipo de trabalho depois que passaram a receber o Bolsa Família.

A ministra observou que o empreendedorismo dos beneficiados é reforçado também por outras frentes de ação, como a implantação de cisternas no Semiárido brasileiro. “Foram implantadas 338 mil cisternas nos dez estados do Semiárido brasileiro. Com isso, muitas pessoas não precisam mais enfrentar a seca da forma como tinham de enfrentar”.

“Isso altera o cotidiano e muda a dinâmica da vida familiar, porque mulheres que em muitas situações chegavam a andar oito horas por dia para conseguir água puderam voltar a estudar, a acompanhar melhor os filhos na escola e tiveram mais possibilidades de trabalho”, ressaltou.

Márcia Lopes lembrou ainda os avanços que o microcrédito oferecido pelo Banco do Nordeste trouxe proporcionou aos beneficiados pelo Bolsa Família. No ano passado, 284.690 pessoas que faziam parte de famílias atendidas pelo programa tiveram acesso a R$ 651 milhões em microcrédito para investir ou ampliar atividades produtivas. Isso corresponde a 50% da carteira de clientes do banco.

Alguns países têm manifestado interesses em aproveitar a experiência dos programas sociais brasileiros. Entre eles, a ministra citou Gana e o Egito, que implementaram programas de transferência de renda similares ao Bolsa Família, e a Guatemala, que adotou um ações de segurança alimentar, baseadas no programa que fortalece a agricultura familiar e dá a famílias de baixa renda acesso a alimentos.

Outros países, principalmente da América Latina e da África, pediram informações sobre os programas brasileiros, mas não deram início às ações. A ministra disse que a principal dificuldade deles decorre do fato de ainda não terem realizado um trabalho de cadastramento dos possíveis beneficiados. Já a China está atenta aos programas que atendem aos idosos.