Para Mantega, dívida controlada não representa problema

Mantega afirmou que país é atualmente credor e não devedor (Foto: Janine Morais/Agência Câmara) Brasília – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta quarta-feira (14) que o país vive […]

Mantega afirmou que país é atualmente credor e não devedor (Foto: Janine Morais/Agência Câmara)

Brasília – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta quarta-feira (14) que o país vive um novo momento, em que a dívida pública não atrapalha a realização de investimentos e programas sociais. Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Dívida Pública, ele ressaltou que os empréstimos feitos hoje financiam investimentos, e não custeio de contas, como foi no passado.

“A situação do país é muito diferente, estamos no grupo dos credores, e não dos devedores, e não existe ingerência dos banqueiros internacionais na nossa política econômica”, disse o ministro.

Os deputados Ivan Valente (PSOL-SP) e Paulo Rubem Santiago (PDT-PE) questionaram o ministro sobre a emissão de títulos da dívida pública indexados por altas taxas de juros definidos pelo setor privado. Valente disse que é preciso saber onde estão esses títulos, e uma auditoria poderia demonstrar que estão nas mãos de bancos privados.

Para Santiago, o problema é que os próprios bancos definem a taxa de juros básica, por sua influência sobre o Comitê de Política Monetária (Copom). “Onde foram parar as pessoas que ocuparam vagas no Copom há 10 anos? O mercado é ouvido para saber qual a taxa de juros, mas eles ganham com altas taxas, isso não é mais possível”, disse.

Juros altos

Mantega reconheceu que os juros estão altos, mas disse que eles são os menores possíveis para as renegociações da dívida, caindo de 9,5%, em 2002, para 5,4%, em 2010, descontada a inflação. “É alto? Acho que ainda é alto, mas estamos com juros muito mais baixos que no passado”, disse.

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que também depôs nesta quarta-feira na CPI, disse que há uma relação entre a estabilidade da economia e a redução da dívida. Para ele, o sistema de metas de inflação, o câmbio flutuante, as reservas internacionais, o superávit e a própria diminuição da dívida reduzem o risco de investimentos no País e, assim, reduzem também o prêmio de risco na economia brasileira, que eram os juros altos do passado.

“Isso é resultado de um conjunto de políticas, e política econômica deve ser medida, na nossa opinião, pelos resultados. O aumento de empregos e o crescimento do PIB e dos investimentos mostram que ela está funcionando”, disse.

Perfil da dívida mudou

Mantega e Meirelles mostraram dados sobre a queda gradual da dívida em relação ao PIB brasileiro. Mas Mantega frisou que a qualidade da dívida é o dado mais importante, porque o Brasil sempre teve dívidas de curto prazo, e esse perfil mudou.

Ele ressaltou que, em 1995, mais de 40% da dívida brasileira era externa e, atualmente, não chega a 12%, o que protege o País contra as variações do câmbio. Da mesma forma, cresceu a participação de títulos de longo prazo, que chegaram a 13% de juros, e estão agora a 5,8%, com títulos de até 30 anos.

Mantega também defendeu a Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar 101/00), o que arrancou elogio do deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR). Ele lembrou que o PT foi contrário à aprovação da lei que limita os gastos de municípios, estados e da União.

O ministro disse que não apoia o projeto que procura flexibilizar a responsabilidade fiscal, proposta que está em análise no Senado. “Em nenhum momento nós violamos a lei, e pode até existir argumentos para flexibilizar um ou outro ponto, mas se você abrir a porta, ela pode ser escancarada, e tudo vai para o vinagre”, disse. Ele lembrou que, entre 2007 e 2009, foi aumentada a capacidade de endividamento dos estados em R$ 35 bilhões, e a lei não impediu investimentos, inclusive em contratos com o Banco Mundial.

A deputada Jô Moraes (PCdoB-MG) e o deputado Hugo Leal (PSC-RJ) criticaram os baixos níveis de crescimento da economia brasileira. Mantega respondeu que um crescimento maior poderia ser induzido, mas não seria sustentável.

Fonte: Agência Câmara