Boaventura parte 1 – ‘Queiramos ou não, pertencemos à minoria que se beneficia ha injustiça’
Sociólogo português Boaventura de Sousa Santos fez uma poderosa síntese dos processos pelos quais passa o mundo, durante o Fórum Social Mundial. Confira nesta primeira parte
Publicado 29/01/2010 - 14h09
Direto de Porto Alegre – O desenvolvimento capitalista não é apenas injusto. É insustentável. Isso significa muita coisa. Queiramos ou não, pertencemos àquela pequena parcela que se beneficia da injustiça. Podemos manifestar nossa solidariedade aos excluídos, aos ausentes, aos oprimidos, mas quando esse modelo é insustentável, estamos todos envolvidos.
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- Queiramos ou não, pertencemos à minoria que se beneficia da injustiça
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A insustentabilidade, por exemplo, ambiental afeta tanto Bangladesh quanto a Holanda. Sabemos muito bem que a Holanda tem mais dinheiro para se defender do aquecimento global do que Bangladesh. Não tenhamos ilusões: a insustentabilidade não elimina o grande princípio da injustiça criada pelo capitalismo, só que torna mais complexa, e portanto permite novas alianças.
A primeira ideia é essa. Se essas alianças são possíveis, então, ao final de dez anos, o Fórum Social Mundial tem de mudar de lema. Até agora, “Um outro mundo é possível. A partir de agora, “Um outro mundo é necessário e é urgente”. Isso vai obrigar o Fórum a reconstruir-se se quiser avançar.
A esmagadora maioria das pessoas do mundo não é gente de direitos humanos. É objeto de direitos humanos. É objeto muitas vezes de nossos discursos sobre direitos humanos, de nossos movimentos sociais, de nossas organizações. Portanto, é preciso criar sujeitos de direitos humanos que, ao serem sujeitos de direitos humanos, vão alterar fundamentalmente o que são hoje os direitos humanos.