Operários da construção pesada da Bahia voltam ao trabalho após greve de 15 dias

Reajuste salarial de 10%, incluindo aumento real de 4,24%, foi aceito em 220 assembleias no estado

Acordo prevê pagamento de cesta básica de R$ 180 e adicional de 80% sobre as horas extras feitas aos sábados (Foto: Sintepav/BA)

São Paulo – Vinte e um mil trabalhadores da indústria da construção pesada da Bahia, com data-base em 1º de março, voltaram hoje (26) ao trabalho depois de uma greve de 15 dias. Em assembleias realizadas em 220 obras no estado pela manhã, eles aprovaram proposta mediada pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) e vão receber 10% de reajuste salarial (com reposição da inflação mais 4,24% de aumento real), 80% de adicional sobre as horas extras realizadas aos sábados e cesta básica de R$ 180 extensiva aos empregados acidentados por 90 dias.

Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada e Montagem Industrial do Estado da Bahia (Sintepav), Adalberto Galvão, os operários terão de compensar três dias, sendo um por mês, e o plano de assistência médica será negociado diretamente entre a entidade e as empresas em 60 dias. 

Os 3.300 operários da obra da Arena Fonte Nova, em Salvador, ficaram quatro dias parados. Para Galvão, diante da urgência da obra, por causa dos jogos da Copa das Confederações, em 2013, o governo do estado interveio para agilizar a negociação com o Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon). O acordo incluiu 10,5% de reajuste, 100% de adicional sobre as horas extras realizadas aos sábados, cesta básica de R$ 230 e abono total dos dias em greve.

Montagem

A mesma pauta de reivindicações foi negociada com o Sintepav e o Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia (Sinduscon-BA), que representa as indústrias de montagem industrial. Em março, após greve de 17 dias, 12 mil trabalhadores em 25 empresas do setor aceitaram acordo prevendo 10,5% de reajuste, cesta básica de R$ 250, assistência médica gratuita e participação nos lucros ou resultados (PLR) equivalente de 2,2 a três salários, de acordo com a função (a ser paga em duas parcelas semestrais). “Para os trabalhadores que residem próximos às obras, a empresa poderá pagar em dinheiro o valor das refeições que seriam feitas no refeitório”, detalhou o presidente do sindicato, também secretário-geral da confederação da categoria (CNTIC).

Galvão analisa que a construção civil necessita de negociação permanente. “Ainda que os acordos fechados sejam positivos, o setor ainda tem uma média salarial muito reduzida, de R$ 1,5 mil”, disse o sindicalista. Nós precisamos, além de bons salários, de assistência médica, saúde complementar, segurança. Mais dignidade, é isso”, afirmou.

Para Galvão, o governo tem o desafio de traduzir a riqueza acumulada em riqueza distribuída. No entanto, ele afirma que esse movimento começou em 2003, com distribuição mais justa dos investimentos públicos. Segundo ele, a Bahia recebe neste momento R$ 21 bilhões de investimentos, entre recursos públicos federais e estaduais e privados. Ele destacou a obra da Ferrovia Leste-Oeste, que hoje tem 3 mil trabalhadores e chegará a 14 mil, com injeção de R$ 7,2 bilhões de recursos. O término da obra está previsto para 2014. 

O dirigente mencionou ainda o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), de Salvador, com R$ 3 bilhões de investimento. A obra está em fase de licitação e deve iniciar em agosto próximo. “Depois de dois momentos, na década de 1950 e de 1970, a partir de 2003 entramos num terceiro ciclo de desenvolvimento da infraestrutura no país, uma opção macroeconômica do governo, com aumento da taxa pública em todo o território nacional.”

Em 2010, a indústria da construção civil cresceu 11,9% em relação ao ano anterior e em 2011, 8,4%. “Representa quase 10% do PIB (Produto Interno Bruto) “, destacou Galvão.