Greve de operários de obra da Eldorado Brasil chega a duas semanas

Trabalhadores reclamam de falta de pagamento de horas extras e assédio moral em construção de Três Lagoas

São Paulo – Cerca de 2 mil trabalhadores da construção civil da obra da fábrica de celulose Eldorado Brasil, em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, completam a segunda semana em greve. Afirmam estar privados de água potável, higiene e boas condições nos alojamentos. A empresa Montcalm pediu a retomada da obra na segunda-feira (30), data em que promete apresentar proposta de melhoria nas condições de trabalho e salarial.

Há denúncias também de assédio moral e de falta de pagamento de horas extras. Em protesto, os trabalhadores permanecem nos alojamentos e barraram a circulação dos coletivos que levam até o local da obra. Diante das condições, as denúncias chegaram ao Ministério Público do Trabalho em dezembro do ano passado, e desde então a categoria ameaçava paralisação.

Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Montagem Industrial de Três Lagoas, Paulo Roberto de Paula, o estopim da greve foi a grande ocorrência de reclamações por parte dos operários, que diziam que bebiam água suja e comiam alimentos estragados, além de reclamarem de humilhação por parte dos seguranças da obra.

As denúncias dão conta que o terreno dos alojamentos apresenta desnível, e alaga com frequência os quartos e dependências. Que alguns funcionários não tiveram direito a folga no Natal e no Ano-Novo e não recebem pelas horas extraordinárias feitas. Eles pedem, além de uma melhor estrutura para trabalhar, plano de saúde e melhoria no salário. “Mediante este histórico só resta aos trabalhadores gritar por socorro às autoridades”, disse Paulo. Casos semelhantes já aconteceram em Três Lagoas, como na empresa Sitrel, no ano passado, segundo o sindicalista.

Em nota, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) defendeu em dezembro do ano passado o trabalho do MP na fiscalização de casos de precariedade em Três Lagoas e região. A Federação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada (Fenatracop) também apoia o movimento liderado pelo Sindmontagem.