Dilma, Lula e Haddad, juntos em São Paulo pela primeira vez

Se foi um encontro de importância histórica o do Memorial da América Latina, o futuro dirá; Fato é que faltarão registros do encontro de amigos para ver os painéis de Portinari

Por conta da visita, o Memorial da América Latina foi fechado à visitação pública por três horas (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)

São Paulo – Poderia ser um passeio comum entre amigos na sexta-feira. Uma visita ao museu em uma tarde de temperatura amena na capital paulista é perfeito para quem pode dar uma enforcadinha no expediente pré-fim de semana. A visita aos painéis “Guerra” e “Paz”, de Cândido Portinari, foi o primeiro evento público de Dilma Rousseff, Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Haddad em São Paulo depois que o ex-ministro se lançou à conquista da prefeitura local.

Os três chegaram ao Memorial da América Latina, no bairro da Barra Funda, pouco depois das três, com a meia hora protocolar de atraso, acompanhados de uma comitiva de ministros e dirigentes políticos. Fechado durante três horas à visitação pública, caprichos permitidos a poucos, o local projetado por Oscar Niemeyer recebeu uma pequena visita VIP a dois dias do fim da exposição. 

Após percorrer dois dos pavilhões da exposição, em percurso que durou pouco mais de uma hora, Dilma, Lula, Haddad e companhia chegaram ao local que abrigou nas últimas semanas os painéis, que há 54 anos estão em exposição na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. 

Lá, esperava um grupo de algumas dezenas de crianças sentadas e comportadas. Enfim, teve início o vídeo que conta a história dos dois painéis. Daqui por diante, porém, o leitor deve usar a imaginação, ou, se estiver em São Paulo, correr até o Memorial da América Latina para entender o que se passou. Este repórter – e todos os outros – não tem condições de narrar aquilo que não pôde ver. 

Por algum capricho de organização, a imprensa ficou restrita a um cantinho do qual era possível visualizar o painel “Paz” – bonito, por sinal – e nada mais. Injusto seria com “Guerra”, que ficou atrás dos jornalistas, se descrevêssemos apenas seu irmão. 

O filho de Portinari, que não foi identificado pelos organizadores do evento, mas que, sabe-se, tem nome João, agradeceu os esforços de Dilma e de Lula para trazer o painel ao país. “Não tenho palavras para expressar a honra e o orgulho que sinto de recebê-los hoje”, afirmou, lembrando que o pai teria prazer de estar ao lado da presidenta e do ex-presidente que lutam pelos mesmos ideais do artista. “Talvez ele tivesse morrido mais tarde”, disse – Portinari morreu em 1962.

A Dilma talvez também tenham faltado palavras, já que saiu calada do encontro – ou, ao menos, preferiu não externar os sentimentos. Lula tampouco. Haddad até quis, mas a organização do evento aparentemente tentou bater os recordes de ocupação do metrô paulistano, apinhando em um espaço de sete ou oito metros quadrados algumas dezenas de cidadãos.