Pós-repressão, USP pede saída de reitora e Unicamp adere à greve

Associação dos Docentes da USP entende que Suely Vilela não tem condição intelectual, moral e política para seguir no cargo

Estudantes fazem protesto dentro do campus antes da repressão policial (Foto: Daniela Alarcon)

Os professores da Universidade de São Paulo (USP) aprovaram nesta quarta-feira (10) a continuidade da greve iniciada na semana passada. Depois da repressão promovida pela Polícia Militar, a pauta dos docentes foi expandida e exige a saída da reitora Suely Vilela do cargo. Otaviano Marcondes Helene, presidente da Associação dos Docentes da USP (Adusp), entende que a professora não tem mais “autoridade intelectual, moral e política para ser reitora de uma Universidade” devido à ação policial “absurda, inaceitável, arbitrária, desproporcional”.

A repressão iniciada na tarde de terça (9) durou mais de uma hora e terminou com três detidos e um número incerto de feridos por bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral e gás pimenta. Em nota, a Reitoria afirmou que o confronto foi gerado pela “ação isolada de um grupo radical”, “resultando em cenas inadmissíveis dentro do ambiente universitário”. A assessoria de imprensa da reitora informou que não está previsto nenhum tipo de comunicado em relação à deliberação da assembleia dos docentes.

Também nesta quarta, os professores e os funcionários da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) decidiram entrar em greve em solidariedade ao movimento paulistano e contra a presença da Polícia Militar no campus da USP. Os funcionários da Unicamp aprovaram a manutenção da paralisação.

Para o professor Otaviano Marcondes Helene, o acontecimento enfraquece a Universidade em geral. “Espero que a gente consiga reverter a situação e construir uma universidade democrática. Houve um desgaste muito grande para a Universidade pública brasileira como um todo”, afirma.

Além da saída de Suely Vilela, os professores querem a reabertura das negociações com o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp), segundo eles interrompidas sem qualquer explicação. O presidente da Adusp conta que, no último dia 25 de maio, parte dos negociadores do Fórum das Seis, que reúne professores e funcionários das três universidades estaduais paulistas, foi deixada esperando pela reunião com o Cruesp, enquanto outra parte sequer pode entrar no prédio.

Eleições diretas

Entre os pontos da pauta dos professores estão duas reivindicações antigas e interligadas: eleições diretas para Reitor e a elaboração de um novo Estatuto da USP. A intenção é ampliar a participação de funcionários e estudantes em foros decisórios e consultivos da Universidade. Atualmente, as eleições para Reitor são feitas de maneira indireta e cabe ao governador escolher um dos nomes apresentados em uma lista tríplice.

O pedido de saída de Suely Vilela do cargo e da PM da Cidade Universitária foi entregue à Reitoria durante a tarde.

Por conta da chuva, a passeata que seria realizada pelas ruas de São Paulo até a Avenida Paulista foi cancelada. Um novo protesto está marcado para terça-feira (16), quando o Sindicato dos Trabalhadores da USP pretende mobilizar mais pessoas.

Greve

Os funcionários da USP estão em greve há mais de um mês por reajuste salarial e pela recontratação de Claudionor Brandão, funcionário detido na terça. Estudantes e professores aderiram à paralisação na última semana depois de recorrentes entradas da Polícia Militar no campus.

Sobre a pauta dos professores, em nota emitida antes da repressão, o Cruesp informou que só retomaria as conversas depois do encerramento de “ações coercitivas prejudiciais ao pleno funcionamento das atividades institucionais”.

Atualmente presidido pela reitora da USP, Suely Vilela, o conselho alega que o Fórum das Seis refutou a participação na reunião convocada para 25 de maio e que é preciso agir “de forma responsável e sem demagogia ao conceder reajustes salariais sem comprometer as atividades de ensino, pesquisa, extensão e administração”.

Os alunos são contra a criação da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp) e querem mais verbas para a educação.

Vídeos e fotos

Estudantes e professores divulgam em sites como o YouTube, Picasa e Flickr relatos, fotografias e vídeos da internveção da Tropa de Choque no campus da zona oeste de São Paulo (SP) da Universidade de São Paulo (USP). O uso de bombas de gás lacrimogêneo e de granadas de borracha é documentada.

Galeria mostra restos de granadas de borracha

Imagens do início da ação, estudantes acuados (parte 1)

Imagens do início da ação, estudantes acuados (parte 2)


Vídeo

PM no prédio da História

 

 

Imagens da intervenção

 

 

PM atira contra estudantes