COP-17 começa com opiniões divididas sobre urgência de combater mudanças climáticas

Estudo a partir de imagens de satélite mostra concentração de carbono (em vermelho) na atmosfera do planeta (Foto: Nasa/2007) São Paulo – Começa nesta segunda-feira (28), em Durban, na África […]

Estudo a partir de imagens de satélite mostra concentração de carbono (em vermelho) na atmosfera do planeta (Foto: Nasa/2007)

São Paulo – Começa nesta segunda-feira (28), em Durban, na África do Sul, a COP-17, conferência promovida pela ONU que busca um consenso mundial para barrar as mudanças climáticas que ameaçam o planeta. Com a meta principal de reativar as negociações acerca do protocolo de Kyoto – firmado em 1997, no Japão –, 183 países participam da edição deste ano da conferência. O protocolo impõe metas de redução das emissões de gases que provocam o efeito estufa a 40 países desenvolvidos.

As conversas em Durban são a última chance para definir uma nova rodada de metas antes do término da primeira fase do protocolo, em 2012. O tema da conferência deste ano é “Trabalhando juntos. Salvando o amanhã hoje”.

Apesar de ser considerado crucial para o sucesso da luta contra as mudanças climáticas, o protocolo não foi ratificado por diversos países, entre os quais Estados Unidos, Índia e China. Com isso, apenas 30% das emissões de gases-estufa são efetivamente contidas, o que, segundo estudos, vem diminuindo as defesas naturais do planeta contra as radiações solares.

As principais consequências já sentidas pela população mundial são a elevação dos níveis dos mares, tempestades intensas e secas, além dos impactos causados às safras agrícolas.

Mesmo ante esse quadro, os países vêm debatendo há anos e chegam a Durban representando poucas esperanças de qualquer grande avanço, apesar das advertências cada vez mais alarmantes. Os diplomatas deverão manter as negociações, algumas com expectativas de serem bastante duras, até 9 de dezembro.

As nações pobres dizem que os países ricos enriqueceram usando carvão, petróleo e gás e eles agora querem permissão de se desenvolver e sair da pobreza, o que equivale a autorizar o uso indiscriminado das mesmas fontes energéticas. As nações desenvolvidas, por sua vez, argumentam que grandes economias em desenvolvimento, como Brasil, China e Índia, além da própria África do Sul, precisam se submeter às metas de emissões, sob pena de o mundo se tornar um local inabitável nas próximas décadas.

Prazo final

Relatórios da ONU divulgados este mês apontam que os gases de efeito estufa atingiram níveis recordes na atmosfera e, entre outros efeitos, o aquecimento mundial provavelmente resultará em mais enchentes, ciclones mais fortes e secas mais intensas.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) disse que a temperatura média global pode subir de 3 a 6 graus Celsius até o final do século se os governos não conseguirem conter as emissões, trazendo uma destruição sem precedentes, com derretimento das geleiras e elevação do nível do mar.

“Pode parecer impossível, mas vocês podem fazer isso”, disse Christiana Figueres, secretária-executivo da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança Climática, aos representantes das nações.

Os diplomatas esperam que haja algum progresso no financiamento para ajudar os países em desenvolvimento que correm mais risco de sofrer os efeitos do aquecimento global, especialmente na África e pequenas nações insulares.

Mas a crise da dívida na zona do euro e nos Estados Unidos torna improvável que esses países ofereçam mais ajuda ou imponham novas medidas que possam prejudicar as suas perspectivas de crescimento.

“Dada a situação política e econômica global atual, a renovação do Protocolo de Kyoto é altamente improvável”, lamentou Jennifer Haverkamp, diretora do programa internacional do clima para o Fundo de Defesa Ambiental. “Mas isso não é desculpa para não fazer nada.”

Com agências internacionais e ONU/CMP-17